sexta-feira, 1 de julho de 2016

Servidores do sistema socioeducativo protestam contra a falta de estrutura e pessoal

Aline Almeida
Da Reportagem

Servidores do Centro Socioeducativo de Cuiabá, antigo Pomeri, realizaram ontem um protesto em frente à unidade pedindo por melhores estruturas, investimentos e condições de trabalho.
O protesto reuniu cerca de 100 manifestantes. Eles alegam que existe pouco pessoal para cuidar dos adolescentes atendidos. 
Segundo o Sindicato da Carreira dos Profissionais do Sistema Socioeducativo do Estado de Mato Grosso (SINDPSS-MT), em todo o Estado são 250 agentes no sistema socioeducativo.

O efetivo de agentes atende os 130 adolescentes infratores em quatro unidades de Mato Grosso nas cidades de Cuiabá, Rondonópolis, Sinop e Barra do Garças. A situação agravaria ainda mais, conforme o sindicato, quando se fala em Cuiabá, onde 70 agentes cuidam de 80 adolescentes infratores. O sindicato alega que, com esta realidade, um sistema que é tão violento quanto o prisional, acaba nem recuperando os adolescentes por falta de investimentos.

“Precisamos de mais profissionais atuando no socioeducativo; não temos estrutura nem para nós e nem para os internos. De profissionais precisaríamos de pelo menos o dobro”, diz o presidente do sindicato Paulo de Souza.

Na pauta dos protestos dos servidores também está a morte do agente Sidney Carlos, baleado seis vezes e morto na noite da ultima segunda-feira (27). Um levantamento do sindicato aponta que nos últimos meses 15 agentes do socioeducativo sofreram ataques. Um veio à óbito, o Sidney. A vítima de 40 anos sofreu um atentado no dia 18 de junho quando trabalhava em uma escolta no Bairro Sucuri. Internado no Pronto Socorro, Sidney não resistiu.

O sindicato alega que faltou empenho do Estado em prestar atendimento ao agente. Isso porque a secretaria não tinha dado a atenção necessária ao trabalhador.

A Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos, por sua vez, afirmou que deu todo apoio e que está à disposição da família do agente.

“As Secretarias Adjuntas de Justiça (Saju) e de Direitos Humanos (SADH) se colocaram a disposição da família para auxilia-los no que fosse preciso. A SADH disponibilizou uma psicóloga e uma assistência social para dar apoio a família. Estes dois profissionais, cedidos pelo Centro de Referência em Direitos Humanos (CRDH), fizeram o acompanhamento do ex-servidor durante toda sua internação e continuam a fazer o acompanhamento da família de Sidney Carlos da Silva Alves”, confirma trecho de nota.

Sistema falido – As necessidades de estrutura, mais pessoal e melhores condições também se estendem às 62 unidades penitenciárias do Estado de Mato Grosso. Neste caso, são cerca de 2.600 agentes para cuidar dos mais de 10 mil reeducandos.

Um recente levantamento do Sindicato dos Agentes Penitenciários de Mato Grosso apontava um déficit de pelo menos 800 agentes no Estado. Isso porque o Departamento Penitenciário Nacional dita que para cada cinco presos é necessário um agente. No entanto, nas penitenciárias de Mato Grosso a regra não seria cumprida. Na Penitenciária Central – antigo Pascoal Ramos – por exemplo, são 50 agentes por plantão numa escola de 24 por 72 horas. Assim, para os 1.800 recuperandos da unidade a regra é 36 presos por agente.

http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=492484

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