Florenci constata diminuição de jovens no tráfico / Foto: Eisner Soares |
O tráfico de drogas é o pano de fundo para muitos outros crimes”. Assim a promotora de Justiça das Varas da Infância e Juventude e da Família de Mogi das Cruzes, Florenci Cassab Milani, resume o que ela pensa sobre o crime que ela não tolera. De fala mansa, postura rígida, a promotora de 38 anos, natural de Rio Claro, no interior do Estado, é a responsável por um projeto de combate ao tráfico de drogas praticado por adolescentes, que há um ano une o Ministério Público, por meio da Promotoria de Justiça da Infância e Juventude de Mogi das Cruzes, e a Polícia Civil. Os resultados começam a serem sentidos na Cidade, com uma gradativa diminuição na apreensão de adolescentes em situação de traficância. “O número de jovens apreendidos nessa situação caiu pela metade. Desde que ingressamos com inúmeros agravos junto à Câmara Especial do Tribunal de Justiça pleiteando a internação provisória dos adolescentes inseridos no tráfico de drogas e crime organizado, o resultado está sendo positivo. Até agora, atingimos a marca de 63 agravos interpostos, com concessão de liminar de internação em 81% (51 ocorrências) dos casos. É um número histórico”, ressalta. Formada em 1999, Florenci atua há 10 anos no MP, dos quais 7 dedicados à área da Infância e Juventude. Ela detalhou a O Diário o trabalho dedicado aos adolescentes: “O adolescente é muito importante para mim e a mudança que ele vai dar para a sua vida é muito especial. Um caso que eu tenha uma mudança já vale a minha carteira profissional”, diz. (Maria Salas)
Confira a entrevista:
Como se deu o início do combate ao tráfico de drogas praticado por menor?
Eu ingressei nesse cargo como promotora da Justiça da Infância e Juventude de Mogi das Cruzes em junho do ano passado, desde então, nós começamos esse trabalho de combate ao tráfico de drogas praticado por adolescentes, na maioria das vezes, sempre sendo utilizado por pessoas maiores de idade. E percebi que o número de adolescentes era realmente elevadíssimo. Tínhamos muitas apreensões, muitas vezes, em número elevado por semana, e, de adolescente praticando o tráfico pesado, não era pequeno.
E o que a senhora fez?
A minha postura sempre foi mais rígida, eu não tolero tráfico de drogas, claro que a gente não tolera nenhum crime, mas o tráfico é um crime gravíssimo, porque ele é o pano de fundo de muitos outros crimes.
O que estava acontecendo antes da sua chegada?
O adolescente era apreendido em situação de tráfico, levado à delegacia, ouvido pelo delegado e liberado. Levava para casa um papel que dizia: Compareça ao MP [na data tal, que sempre era no prazo de duas semanas], mas ele quase nunca vinha. E muitas vezes o policial militar que o apreendia, com certa resistência, tinha de lhe dar carona para que esse menor voltasse para casa.
E a partir de então?
Fiz uma reunião com o delegado seccional à época [Luiz Carlos Branco Júnior]. Eu disse a ele: Doutor, acho irregular toda essa situação e pedi que ele recomendasse aos delegados que o menor fosse apresentado ao MP. Eu não concordo com essa liberdade. Desde então, começou uma avalanche de apresentações, algo que não ocorria. Isso era vexatório para o policial, para a sociedade.
E o que ocorreu com os adolescentes?
Houve um grande estranhamento por parte dos adolescentes, porque alguns eram reincidentes e achavam que eles iam sair, mas eles eram conduzidos para o MP e saiam em uma situação que não gostavam: algemados.
Qual é a faixa etária desse menor?
No tráfico, de 13 anos a 17 anos incompletos. São considerados adolescentes de 12 a 17 anos. Mas no tráfico, já temos adolescentes de 13 anos envolvidos no tráfico pesado. E 80% é homem e que não estuda.
http://www.odiariodemogi.inf.br/policia/policia/23862-mp-diminui-acao-de-jovem-no-trafico-.html
Parabéns a essa promotora. Esse é o verdadeiro papel do promotor: atuar pela condenação dos infratores.
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