Jovens infratores internados em centros socioeducativos às vezes exibem
indiferença ao sofrimento alheio e desprezo às regras sociais, mas eles
sabem – ou aparentam saber – diferenciar o certo do errado. Um grupo de
psiquiatras e psicólogos de São Paulo chegou a essa conclusão depois de
submeter 30 internos da Fundação Casa (antiga Febem), com idade entre 18
e 21 anos, a testes psicológicos que avaliam o grau de psicopatia e a
capacidade de julgamento moral, ao longo de quase um ano (Frontiers in Psychiatry,
novembro). “Esses jovens tinham maturidade moral e sabiam distinguir o
certo do errado”, diz Daniel Martins de Barros, psiquiatra da
Universidade de São Paulo. “Mas não podemos confirmar se esse
conhecimento é original ou se eles apenas o reproduziam porque tinham
ouvido alguém dizer.” Os adolescentes passaram também por um teste que
mede a atividade elétrica da pele e avalia a resposta emocional ao ver
imagens agradáveis (um pai com um bebê no colo), neutras (um livro sobre
uma mesa) ou desagradáveis (pessoas mutiladas). Houve uma correlação
entre o grau de frieza medido no teste psicológico e a reação emocional
avaliada pelo teste fisiológico. Quanto mais a frieza e a indiferença
dos participantes se aproximavam das de alguém com um quadro clássico de
psicopatia, menos eles sentiam o impacto das imagens inquietantes, de
conteúdo afetivo negativo.
http://revistapesquisa.fapesp.br/2014/01/22/jovens-infratores-distinguem-o-certo-errado/
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