quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Mesmo procurado pela Justiça, suspeito de matar casal de bolivianos trabalhava na Fundação Casa

Auxiliar de enfermagem foi condenado, em 2009, por atentado ao pudor e não cumpriu pena 

Corpos serão velados hoje e, depois, seguem para a Bolívia Arquivo Pessoal

Na última quinta-feira (17), um casal de bolivianos foi assassinado a facadas em Itaquera, na zona leste de São Paulo. O suspeito pelos crimes, Tarciso José Bezerra, de 51 anos, era vizinho das vítimas e já havia sido condenado a seis anos de prisão por atentando violento ao pudor. Ainda assim, ele era funcionário da Fundação Casa, na unidade que fica na rodovia Raposo Tavares.

As vítimas, Carmen Rosa Ramos Flores, de 21 anos, e o marido dela, Grover Rolando Cala Huanca, de 25, mantinham uma relação conturbada com o suspeito. Segundo depoimentos de familiares e da proprietária dos imóveis onde residiam o casal e o agressor, Bezzerra inventava histórias que atingiam a integridade moral do casal, xingando-os e afirmando que mantinham relações sexuais em grupo.
As agressões verbais e o barulho intencional durante a madrugada levaram o casal a registrar boletim de ocorrência contra o vizinho por injúria e perturbação da paz.  Os bolivianos tinham  intenção de se mudar de casa nos próximos dias, cansados das agressões.

A polícia chegou a intimar Bezerra, do qual só tinha o primeiro nome, não sendo possível checar os antecedentes criminais dele na época. Após os assassinatos, se soube que o suspeito foi condenado, em 2009, a seis anos de reclusão por crime de atentado violento ao pudor cometido sete anos antes. Há um mandado de prisão em aberto contra ele.
Mesmo com os antecedentes, Bezerra trabalhava na Fundação Casa como auxiliar de enfermagem, pelo menos, desde 2009. Questionada, a assessoria de imprensa da instituição informou que a Corregedoria Geral já abriu procedimento interno de investigação e que o funcionário de fato não poderia ser contratado na condição judicial em que se encontrava. Existe possibilidade falsificação de documentos.
O delegado titular da 65º Delegacia de Polícia, Luiz Antonio da Cruz, informou que aguarda o resultado dos laudos necroscópicos do casal e da perícia do local para indiciar Bezerra.
— Ele já tem um mandado de prisão com condenação transitada em julgado. Temos pressa em prendê-lo.
O delegado acredita que mesmo que Bezerra tenha algum desvio sexual ou de comportamento, sabia exatamente o que estava fazendo.

O crime
Na noite anterior ao crime, o casal e a irmã de Carmem, Maria Claudia Ramos Condori, passaram a madrugada trabalhando em casa para terminar um serviço de costura.
Carmem foi comprar pão e, quando voltou, foi segurada por Bezerra, que aplicou uma “gravata” no pescoço da vítima. Da porta da casa, ela gritou por socorro e foi acudida pelo marido, que entrou em luta corporal com o agressor, sem perceber que ele tinha uma faca.
Segundo Maria, o cunhado caiu no chão ao lado de um tanque de lavar roupa. Bezerra o segurou pela garganta desferindo várias facadas nas costelas da vítima. Carmen tentou ajudar o marido, mas o agressor também a esfaqueou. Ela caiu no corredor e morreu na hora. Grover, agonizando, foi cambaleando até o muro da casa, de onde pulou para a calçada para pedir ajuda. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu.
Maria testemunhou os dois assassinatos e tentou proteger o filho do casal, de três anos, fechando a porta da casa. O garoto, que só fala português, também viu os pais desfalecidos e ensanguentados. Ele está na casa de amigos e a toda hora pergunta pelos pais dizendo “mãe caiu, está cheia de sangue”.

Os corpos
Segundo a advogada da família, Patrícia Veja, os corpos do casal foram liberados nesta segunda-feira pelo Instituto Médico Legal e seguiram para ser embalsamados em Guarulhos, onde deverão ser velados nesta quarta-feira (23) para depois seguir com destino a La Paz, na Bolívia.
— Os poucos bens que o casal deixou serão vendidos pelos amigos pa
ra arrecadar dinheiro para o filho, afirmou a advogada. O garoto de três anos deverá viajar a Bolívia em companhia da tia.

http://noticias.r7.com/sao-paulo/mesmo-procurado-pela-justica-suspeito-de-matar-casal-de-bolivianos-trabalhava-na-fundacao-casa-23102013

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