Após
discutirem o tema, em evento realizado em Porto Alegre, o Ministério
Público e entidades parceiras redigiram moção de repúdio contra a
redução da maioridade penal. O documento será encaminhado ao Congresso
Nacional.
Conforme a Coordenadora do Centro de Apoio
Operacional da Infância, Juventude, Educação, Família e Sucessões, Maria
Regina Fay de Azambuja, os dados científicos apresentados durante o
encontro evidenciam que ocorrerá um retrocesso com a redução da
maioridade penal. Durante todo o dia Promotores de Justiça e outros
palestrantes debateram a maioridade penal.
Por sua vez, o
Coordenador do Centro de Apoio dos Direitos Humanos, Miguel Velasquez,
enfatizou que quem luta contra a redução da maioridade penal precisa
adotar estratégias para buscar o apoio da sociedade, além dos meios de
comunicação social, que desempenham um papel importante na divulgação de
dados sobre o tema. Segundo ele, os argumentos científicos e as
experiências apresentadas deveriam ser do conhecimento da sociedade que,
na maioria das vezes, opina sobre o tema sem ter conhecimento seja da
lei ou da realidade das casas prisionais.
CHOQUE DE REALIDADE
Caso
a maioridade penal seja adotada, teremos nos presídios do país novas
facções que serão conhecidas como mirins, sub-21, ou por outros nomes. O
alerta foi dado, durante o evento, pelo Promotor de Justiça Gilmar
Bortolotto, que há mais de 10 anos atua na Promotoria de Justiça de
Controle e Execução Criminal. Ele foi um dos palestrantes do encontro,
na parte da tarde. Segundo ele, no momento em que adolescentes chegarem
ao sistema prisional que temos nos dias atuais, imediatamente serão
recrutados pelo “Estado Paralelo” que lá existe. “O presídio dos presos é
muito diferente da cadeia do Estado”, disse, ressaltando que lá não tem
SPC ou Serasa e as cobranças são feitas de uma forma primitiva que não é
conhecida aqui fora. “Há muito tempo o tráfico de drogas já identificou
o sistema prisional como um investimento”, acrescentou. A lógica será a
mesma para os adolescentes que lá chegarem. “Eles serão recepcionados
nas galerias por membros do Estado Paralelo”, concluiu.
Para
os que defendem a proposta da redução da maioria penal após assistirem
um filme onde um adolescente comete um crime brutal, Gilmar Bortolotto
lembrou que é preciso ter “um choque de realidade” com o que ocorre
dentro dos presídios. Segundo ele, é muito fácil defender tais medidas
quando pensamos que elas serão sempre aplicadas para “os filhos dos
outros e nunca para nós”. Para mostrar “o choque de realidade”, o
Promotor exibiu fotos de inspeções realizadas nos presídios gaúchos,
principalmente do Presídio Central, considerado o pior do país.
MITO
Por
sua vez, o Promotor Júlio Almeida, da 8ª Promotoria de Justiça da
Infância e da Juventude – Articulação/Proteção, que atua diretamente com
casos que envolvem adolescentes que cumprem medidas socioeducativas na
Fase, enfatizou que a realidade atual já é “chocante”. Destacou que,
apesar da atuação exemplar dos servidores da Fase, há diversas
dificuldades que os adolescentes enfrentam: falta de banheiros e luz,
comida ruim e superpopulação.
Conforme o Promotor, existe um
mito dando conta que ocorre impunidade quando envolvem crimes tendo
adolescentes como autores. Como exemplo, Júlio Almeida comparou o tempo
de internação de um adolescente com o período que um adulto, em que
ambos são acusados de homicídio. Segundo ele, o adulto vai para o regime
aberto em menos tempo, em comparação com o tempo de internação do
adolescente. “Existe sim punição e sofrimento suficiente”, enfatizou,
mostrando vídeos com a realidade encontrada em algumas casas onde
adolescentes cumprem medidas.
PUNIÇÃO A PARTIR DOS 12 ANOS
Ainda
durante o encontro, a Defensora Pública Cláudia Barros apresentou dados
estatísticos dando conta que houve uma evolução crescente na privação e
restrição da liberdade de crianças e adolescentes. Nos últimos anos,
ocorreu um aumento, principalmente entre adolescentes entre 15 e 17
anos. A Defensora ressaltou que é “falacioso” o argumento de quem tem
menos de 18 anos não é punido. Segundo ela, a punição ocorre a partir
dos 12 anos de idade. Para fugir desta realidade, defendeu investimentos
em saúde e educação. Cláudia frisou que as políticas atuais estão
falhando ao não investir nestas áreas.
Ainda durante o encontro,
a Juíza do Trabalho do TRT4, Luciane Cardoso Barzotto, lembrou que as
causas da criminalidade e do trabalho infantil são as mesas: pobreza,
exclusão social, analfabetismo, entre outras. De acordo com ela, é
preciso combater estas causas para assegurar um futuro melhor para as
novas gerações.
O Corregedor-Geral do MP, Rubem Giugno Abruzzi,
também prestigiou o evento. Enfatizou ser muito importante o MP
discutir o tema internamente e com palestrantes de fora da Instituição.
Os debates foram prestigiados por representantes de entidades que atuam
nas áreas da infância e juventude, direitos humanos e outros
interessados.
http://www.radiofandango.com.br/archive/valor.php?noticia=32706
Esses acima contratos à redução da maioridade penal não pensem vocês leitores que eles de alguma forma importam-se com os menores.
ResponderExcluirEles choram o destino de verbas que antes iam só pro sistema socioeducativo e agora vão vê-lo ser dividido com o sistema penal .
Quero a redução da maioridade penal já!!!!!!