Da Agência Câmara
Foi criada hoje a comissão especial para analisar propostas para
ampliar medidas socioeducativas para adolescentes infratores. Ao todo
são 18 projetos que serão analisados no colegiado. O principal (PL
7197/12) muda o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei 8.069/90)
para permitir a aplicação de medidas socioeducativas previstas para os
adolescentes infratores também para os que atingirem a maioridade penal
(18 anos).
Para ser oficialmente instalada, os membros da comissão precisam ser
indicados pelos líderes partidários. O líder do PSDB, deputado Carlos
Sampaio (SP), foi indicado como relator.
A discussão em torno de medidas mais rígidas para esses infratores e
até a redução da maioridade penal voltou à tona após o assassinato de um
jovem na porta do prédio onde morava em São Paulo no início de abril.
Ele foi baleado por um garoto que completou 18 anos três dias após o
crime.
Propostas
Entre as propostas que serão analisadas pela comissão especial, pelo
menos duas ampliam o tempo máximo de reclusão para o menor infrator que
cometer crime hediondo, como homicídio qualificado ou estupro. Com o
Projeto de Lei 5454/13, da deputada Andreia Zito (PSDB-RJ), o infrator
poderá ficar internado até os 26 anos. A ampliação é de três para oito
anos.
Segundo ela, as alterações buscam adequar a legislação existente à
realidade atual para criar “instrumentos eficazes no combate à crescente
participação de menores de idade na prática de atos infracionais”.
Já o Projeto de Lei 5524/13, do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE),
estabelece pena entre 3 a 8 anos para o adolescente de 14 a 16 anos, e
de 8 a 14 anos para quem tem entre 16 e 18 anos. A Constituição
estabelece a maioridade penal aos 18 anos.
A internação dependerá de avaliação psicológica, que deve dizer se o
menor tinha capacidade para entender o que praticou. Além disso, a
proposta dobra a pena do adulto que participar de crime com um menor de
idade.
Os dois textos mantêm em três anos o período máximo de reclusão para
atos infracionais como furto ou roubo, por exemplo. Hoje, o Estatuto da
Criança e do Adolescente determina a liberação compulsória aos 21 anos
de idade, qualquer que seja o crime cometido.
De acordo com a proposta de Andreia Zito, ao completar 18 anos, os
jovens sairiam dos centros socioeducativos de internação e iriam para um
regime especial de atendimento, que ainda precisa ser instituído. O
regime especial seria um meio termo entre os atuais centros de
internação para menores infratores e os presídios para maiores de 18
anos.
O texto foi entregue pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin,
ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, no dia 16 de abril.
Como o governador não tem prerrogativa para apresentar projeto para
análise no Congresso, a deputada apresentou o texto de Alckmin
formalmente. “A proposta responde a anseios e clamores da sociedade
brasileira”, disse Alves depois do encontro com Alckmin.
O projeto também prevê a internação hospitalar do adolescente
infrator diagnosticado com transtorno mental; e o agravamento da pena
dos adultos que participarem de crimes junto aos menores de idade.
Antecedente criminal
Outra proposta (PL 348/11) do deputado Hugo Leal (PSC-RJ) passa a
considerar as infrações praticadas por adolescentes com 16 anos ou mais
como antecedente na hora da fixação da pena em eventuais ilícitos
cometidos após os 18 anos.
O texto de Eduardo da Fonte também altera a regra de reincidência
criminal no Código Penal (Decreto-lei 2.848/40) para incluir o menor
infrator que tiver cometido crime hediondo se cometer outro delito após
os 18 anos. “Hoje, não importa a gravidade do ato, o menor entra da
idade adulta com uma ficha limpa e é tratado como réu primário no
momento da definição da pena por crime cometido”, disse o parlamentar.
Maioridade penal
Nenhuma das propostas altera a maioridade penal, fixada em 18 anos. A
redução da maioridade penal para 16 anos está em discussão na Comissão
de Constituição e Justiça e de Cidadania pela Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) 171/93 e outras 32 propostas apensadas.
O relator, deputado Luiz Couto (PT-PB), apresentou parecer contrário.
Ele também é contra o aumento da internação. Segundo o parlamentar, as
propostas ferem cláusula pétrea da Constituição. “Quando um adolescente
comete uma infração é uma comoção geral, a sociedade coloca os
adolescentes como principais responsáveis pela violência”, reclamou
Couto.
http://www.sul21.com.br/jornal/2013/05/comissao-especial-discutira-aumento-de-pena-para-adolescentes-que-cometerem-crimes/
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