O detido pelo crime completa 18 anos nesta sexta-feira (12). Ele passa a ser considerado o 34º jovem com mais de 18 anos que está internado na Fundação Casa por latrocínio (roubo seguido de morte) quando era adolescente.
O crime que levou à detenção do adolescente ocorreu no Belém. O estudante Victor Hugo Deppman, de 19 anos, foi morto com um tiro na cabeça após entregar seu celular para o assaltante em frente ao prédio onde morava com a família na Zona Leste da capital. O agressor foi detido pela polícia e confessou o crime.
Por determinação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), como o assassino tinha 17 anos quando disparou contra a vítima, ele não pode ter seu nome divulgado. Ele cometeu um ato infracional e terá de cumprir medidas socioeducativas. Internado provisoriamente pelo prazo de 45 dias na unidade Brás da Fundação Casa, o infrator aguarda a decisão da Justiça.
Provavelmente, terá de ficar internado pelo período de 3 anos devido à gravidade do seu ato. Pela lei, quando o infrator for pego na véspera de fazer 18 anos, poderá ficar internado até os 20 anos e 11 meses.
Se o jovem fosse maior de idade quando atirou e matou o universitário, responderia pelo crime segundo o Código Penal e estaria sujeito a pena de até 30 anos de prisão por ter cometido latrocínio.
Após a morte de Deppman, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) retomou a discussão sobre a maioridade penal. Na quinta-feira (11), ele declarou que é a favor de uma punição mais rigorosa para adolescentes que cometem crimes. Ele é a favor de duas alterações no ECA: pena maior para jovens que cometerem delitos graves; e transferência deles para prisões comuns, quando completarem 18 anos. Um projeto será elaborado pelo partido para tentar mudar o estatuto.
Dados da Fundação Casa mostram que 9.016 adolescentes, entre meninos e meninas, são atendidos atualmente nas 143 unidades do estado de SP. Além dos atendimentos iniciais, eles passam por medidas socioeducativas de internação provisória, internação, internação sanção e semiliberdade.
Segundo a assessoria de imprensa da Fundação Casa, 661 infratores têm entre 12 a 14 anos e 6.614 possuem de 15 a 17 anos. Com 18 anos ou mais são 1.740 adultos. O latrocínio aparece em sétimo lugar na escala de infrações que mais levam menores para a Fundação Casa. Tráfico de drogas, roubo, furto, descumprimento de medida judicial e tentativa de roubo aparecem, em ordem decrescente, antes do roubo seguido de morte.
Escada do crime
Segundo o ex secretário-geral do Conselho Estadual da Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), Ariel de Castro Alves, o adolescente sobe uma “escada” e não começa no latrocínio. “Em geral começam com furtos, depois roubos chegando no latrocínio”.
Segundo Alves, muitos dos jovens que chegam a este tipo de infração, já têm uma idade mais avançada. Isso explicaria o fato de, entre os 82 detidos por latrocínio, 33 serem maiores de idade (sem contar o assassino de Victor Hugo). De acordo com Ariel, muitos dos adolescentes que chegam ao latrocínio têm dívidas com traficantes e estão ameaçados de morte, e isso os estimula a roubar.
O advogado chama a atenção ainda para o fato de a Fundação Casa ter mais 9.016 internos, sendo 82 por latrocínio, menos de 1%. Isso seria um indicativo de que os casos de jovens cometendo crimes mais graves são exceções. Por isso, Ariel de Castro Alves critica a proposta de Alckmin de mandar jovens para presídios. “Colocar jovens em presídios vai agravar a situação, até por causa da falência do sistema prisional”, afirma.
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/04/sao-paulo-tem-83-detidos-por-latrocinio-na-fundacao-casa.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário