quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Mãe queria o filho na Fundação Casa


O desespero de uma mãe ao ver o filho de 16 anos ser acusado de receptação de uma moto furtada chamou a atenção dos que aguardavam a vez para fazer boletim de ocorrência e até mesmo dos policiais, na delegacia do plantão sul, terça-feira de manhã. Sua revolta era porque o adolescente não ia ficar apreendido. Fato semelhante a esse foi retratado na reportagem do Caderno de Domingo publicado no dia 10 deste mês, que abordava o tema "Internação Compulsória de Dependentes Químicos - Qual o melhor caminho para obter resultados eficazes?".

O rapaz de 16 anos foi detido por policiais militares no Jardim Nova Esperança empurrando a moto Honda CG-125 azul furtada. A mãe que trabalha como vendedora informal e também é voluntária num posto de saúde não se conformou com o encaminhamento na delegacia. Em novembro, ele foi pego por tráfico e outra vez por furto de moto, denunciado à polícia por ela mesma. "Estou indignada, não posso bater, e se tem muitos bandidos iguais a ele é porque chegam aqui (no plantão policial) e saem. A lei ajuda a bandidagem, pois votar podem, mas responder pelos seus atos não", lamenta a mulher de 38 anos.

Ainda segundo ela, o filho se iniciou nas drogas há dois anos, com maconha, mas que mesmo assim era trabalhador. O perfil se alterou a partir de novembro, quando se tornou mais violento. Mãe de outro filho de 20 anos, preso desde outubro por tráfico de drogas, a mulher destaca que não faltou amor aos filhos, e que seu marido também trabalha em dois empregos para ajudar nas despesas e também para pagar um carro que compraram com muito custo.

Para a dona da moto, de 39 anos e que tem um casal de filhos de 19 e 21, é desmotivador trabalhar tanto para ter tudo honestamente quando menores cometem crimes e são liberados como se nada tivesse acontecido. Mas ao seu ver o grande problema está na falta de limites, e atenta que "antes meu filho chorar hoje do que eu amanhã; é mentira que amor é encantador, amor é também sofrer", desabafou.

O delegado de plantão, Carlos Lourenço de Souza, explicou que não poderia encaminhar o garoto para a Fundação Casa devido à uma determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), de que apreensão em caso de tráfico somente se for a terceira vez, e de acordo com o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), é passivo de apreensão somente quando o ato infracional é cometido por violência ou grave ameaça. (Adriane Mendes)

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