quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

complexo Pomeri em Cuiaba "caotico" sem direção e um engodo

Pomeri vira "escola do crime" para menores em Cuiabá
Da Redação
O inquérito policial que apurou abusos sexuais e tortura a adolescentes internos da maior unidade socioeducativa do Estado, resultando no afastamento da direção e pedido de prisão de agentes, é apenas a ponta do iceberg resultante da falta de políticas públicas voltadas para o setor. Apesar de ter um Orçamento previsto para o ano de 2012 com investimentos de R$ 2,2 milhões na manutenção, o sistema socioeducativo é apontado pelos próprios servidores como caótico, sem direção, um “engodo”, sem cursos e atividades para adolescentes que ficam ociosos em um ambiente insalubre onde os agentes atuam sem qualquer formação. Os depoimentos com as denúncias dos servidores constam do inquérito policial e foram feitos diante da juíza Gleide Bispo dos Santos, que atua junto à Vara da Infância e Juventude.
Com base nos relatos de agentes, técnicos e internos do Centro Socioeducativo do Pomeri, que abriga cerca de 200 internos, o delegado Paulo Alberto de Araújo, titular da Delegacia Especializada do Adolescente (DEA), da Capital é enfático ao afirmar que a falta de gerência e condições de trabalho contribuem para que a unidade não prepare os adolescentes em conflito com a lei para o convívio social, mas sim, “potencializa a formação de futuros criminosos”. As investigações começaram com a denúncia de um interno, abusado sexualmente e queimado com uma barra de ferro aquecida por outros internos. O agente Adão Baca Hermoza, o “Wolverine”, apontado como o homem que facilitou o acesso dos demais agressores à vítima, teve a prisão decretada, mas foi liberado após 12 dias para responder o processo em liberdade. Nove pessoas foram indiciadas pelos crimes de tortura e formação de quadrilha dentro da unidade e tiveram pedidas suas prisões.
A diretora Maria Giselda da Silva e o gerente da unidade, Urias Avelino Dantas, foram afastados de suas funções pela Justiça. Em depoimentos, agentes apontam a falta de gestão, a disputa de poder e vaidade pessoal como principais fatores que prejudicam o sistema socieducativo.
Relatam que os internos não têm atendimento médico e que são os agentes que muitas vezes atuam como enfermeiros. Não existem projetos de recreação e os professores que atuam na unidade são mal preparados. A carga de horária diária de 4 horas se resume a uma hora e meia por dia e “os alunos fazem que aprendem e os professores fingem que dão aula”. Os adolescentes vão para a aula só por causa do lanche.
Apontam que os cursos de capacitação voltados para os internos e que são divulgados na imprensa são engodo. Não existe direção dentro da unidade e a maior preocupação seria em “esconder as mazelas”. Falta gestão, planejamento estratégico, profissionais capacitados, bem como comprometimento dos diretores com a causa, apontam os próprios servidores da unidade. Os agentes confirmaram também que os abusos sexuais de internos acontecem há muito tempo e são escondidos pela direção. Mas se defendem dizendo que a culpa não é dos agentes, mas da falta de gerenciamento.


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