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Polícia Militar resgatou das mãos de supostos “justiceiros”, na tarde
desse sábado (13) em Amambai, dois adolescentes de 16 anos, que
supostamente estariam sendo levados para uma possível execução.
Os menores foram encontrados no interior de um
veículo Fusca, cor azul, placas HQY 6191 de Amambai-MS, conduzido por
Ailton Tavares da Silva, o “Macaquinho”, de 21 anos, morador em Amambai,
que tinha como carona, Idelmo Roberto de Oliveira, de aproximadamente
22 anos.
O caso
De acordo com a Polícia Militar, dias atrás,
supostamente os dois adolescentes teriam abordado um tio de Idelmo de
aproximadamente 50 anos, agredido o homem e roubado a carteira com cerca
de 800 reais em dinheiro, fruto da aposentadoria da vítima, que teria
problemas de saúde e inclusive agredido o homem.
Ao chegar de uma fazenda onde trabalha e tomar
conhecimento do fato, Idelmo teria se revoltado com a situação e após
identificar os supostos assaltantes de seu tio, teria prometido
vingança.
Ao descobrir o paradeiro dos dois adolescentes, a
residência de um ex-detento de Amambai, Idelmo, que já teria cumprido
prestação de serviço comunitário, segundo ele próprio após ser acusado
de envolvimento com furto na cidade, teria chamado Ailton Tavares, o
“Macaquinho”, se deslocado até a casa e raptado os menores.
De acordo com a polícia, após o rapto, os dois
menores teriam sido colocados dentro do Fusca e levados para um sítio na
região da Vila Santo Antônio, onde supostamente reside o tio de Idelmo e
vítima dos menores infratores.
No sítio os dois adolescentes teriam sido agredidos
por Macaquinho, Idelmo e uma terceira pessoa, com golpes de chave de
rodas, chave de fenda e uma marreta, de acordo com a polícia, para
confessar o roubo e relatar onde estava o dinheiro e a carteira com a
documentação do tio de Idelmo que supostamente a dupla teria roubado.
Acionada por populares que tomaram conhecimento do
fato, a Polícia Militar passou a atuar no caso e ao se deslocar para a
região da Vila Santo Antônio, se deparou com o Fusca já retornando em
direção a Vila Limeira.
Durante a abordagem, que aconteceu no prolongamento
da Avenida General Osório, nas proximidades da área militar do Exército
Brasileiro, os policiais encontram os dois menores, que apresentavam
diversas escoriações pelo corpo e na cabeça, no banco de trás do
veículo.
Segundo informações repassadas à polícia, os
adolescentes estariam sendo levados para a região conhecida como
“Pedreira”, às margens do Córrego Panduí, para uma suposta execução,
acusações negadas por Macaquinho e Idelmo.
De acordo com o site A Gazetanews a dupla
afirmou que os menores estariam sendo levados por eles até a localidade
onde supostamente teriam deixado a carteira com a documentação do tio de
Idelmo. “Queríamos apenas os documentos do homem de volta”, disse
Macaquinho.
Diante da situação os dois menores foram encaminhados
pela própria Polícia Militar para o Pronto Socorro do Hospital Regional
de Amambai para receber atendimento médico e os dois acusados,
Macaquinho e Idelmo, foram entregues na Delegacia de Polícia Civil de
Amambai para serem tomadas às providências cabíveis.
De acordo com a polícia, os dois menores já tinham
passagens. Um deles foi detido dias atrás por envolvimento em furto de
bicicleta na região do Conjunto Residencial Nhu-Verá.
O outro a Polícia Militar já havia se deslocado até
sua residência na manhã desse sábado (13) após ser denunciado pela
própria família, por ter agredido com um tapa no rosto sua própria avó,
uma senhora de idade.
“Macaquinho” é detento do semiaberto
Ailton Tavares da Silva, o “Macaquinho”, envolvido no
suposto rapto dos adolescentes na tarde desse sábado em Amambai já é
conhecido da polícia local.
Ele é mais um dos detentos do regime semiaberto do
EPAM (Estabelecimento Penal de Amambai) que deveria estar sob custódia
do Estado, mas estava solto nas ruas da cidade.
Segundo a polícia, Macaquinho, em companhia de outro
indivíduo de 55 anos, foram presos em flagrante no dia 13 de junho nesse
ano (2012) após assaltarem, com emprego de arma de fogo, uma padaria
situada no centro da cidade, em Amambai.
Por conta desse crime, segundo o Tribunal de Justiça
de Mato Grosso do Sul, a dupla foi condenada a 6 anos de prisão em
regime semiaberto, mas devido ao envolvimento em outras ocorrências
policiais e não ter emprego fixo, a Justiça transformou a prisão de
regime semiaberto em prisão preventiva permanente.
De acordo com a polícia, beneficiado pela lei, há 18
dias “Macaquinho” ou “Neguinho”, como também é conhecido, ganhou o
direito em deixar o setor de regime fechado do EPAM e passar a cumprir a
pena em regime semiaberto.
Como o setor do regime semiaberto do presídio está
desativado há quase um ano e meio, ele foi liberado e permaneceu
cumprindo a pena a qual foi condenado, solto pelas ruas da cidade, em
Amambai.
Sociedade em risco
Em Amambai detentos que ganham o direito a progressão
do regime fechado para o regime semiaberto, ao invés de permanecer
sobre vigilância do Estado como prevê a lei, ou seja, dentro dos muros
do presídio ou saindo para trabalhar e voltando para passar a noite na
cadeia, por falta de abrigo, acabam permanecendo soltos nas ruas da
cidade.
Com a obrigação de apenas assinar um livro
diariamente no Estabelecimento Penal, inúmeros deles permanecem
cometendo crimes de natureza diversa, colocando em risco a segurança de
toda a população.
O problema começou no meio do ano de 2011 quando dois
incêndios seguidos destruíram por completo os albergues do presídio que
abrigava o regime semiaberto.
Sabendo do risco que a população do município passou a
correr com o grande volume de presos, muitos deles de fora do município
e inclusive do Estado, perambulando pelas ruas de Amambai sem nenhum
controle por parte das autoridades competentes, o Ministério Público
Estadual (MPE) e a Defensoria Pública da Comarca protocolaram ação na
Justiça e o Poder Judiciário de Amambai condenou a Agepen (Agência
Penitenciária de Mato Grosso do Sul) e o Governo do Estado a apresentar
medidas urgentes para solucionar o problema, mas em ato de total descaso
com a segurança da população do município, Desembargadores do Tribunal
de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ/MS) suspenderam a decisão da
Justiça local contra o Governo e nada foi feito até agora.
Desde essa decisão do TJ/MS em favor do Governo do
Estado, criminosos que deveriam estar sob a custódia do Estado já
cometeram diversos crimes, entre eles, roubos, furtos e inclusive foram
presos mantendo “bocas-de-fumo” e traficando drogas.
Adolescentes que seriam excutados foram encontrados no fusca. |
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