Todos os adolescentes tinham entre 16 e 17 anos de idade. Eles ocupavam celas vizinhas em uma ala e conseguiram sair dos quartos pela parte de cima, fechada apenas por uma grade de ferro.
A intenção inicial dos menores infratores, inclusive do refém, era de fugir, mas, sem possibilidade de saírem do corredor, usaram um dos internos como moeda de troca e fizeram exigências, como cigarros, banhos de sol mais longos e alimentação melhor. Cigarros não são permitidos na UISM desde sua inauguração, em 2014.
Como armas, os detentos usaram partes da própria estrutura da unidade de internação, além de cabos de vassouras, barras de ferro e lâmpadas.
A Polícia Militar foi acionada para reforçar a segurança e evitar fugas. Policiais do 26º e do 9º Batalhão foram convocados para atuar no caso, além da Patrulha Tático Móvel (Patamo) e o Batalhão de Choque, que gerenciou a negociação. A situação foi controlada por volta das 8h, sem necessidade de a PM entrar no local.
O refém, de 16 anos, foi ferido, ficou com cortes e escoriações no rosto e na cabeça e foi levado ao Hospital de Santa Maria. Autuados pelos danos estruturais às celas e ao corredor e pelo motim, os seis detentos foram encaminhados à Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) para prestar esclarecimentos sobre a ocorrência.
Segundo a Secretaria de Estado de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude (Secriança), a UISM conta com 180 servidores e tem capacidade para 120 detentos. Atualmente, abriga 116. São seis corredores com 10 quartos. Em cada quarto, dois infratores. O motim envolveu apenas um dos corredores e, por isso, os outros detentos não ficaram sabendo do ocorrido e as visitas do dia não foram suspensas. A Secriança garante que uma equipe de engenharia irá amanhã à UISM para avaliar possíveis mudanças na infraestrutura dos quartos.
Histórico
Em janeiro deste ano, um jovem de 17 anos foi encontrado morto em um dos quartos da UISM. O interno estava desmaiado, no chão, com um lençol ao redor do pescoço. Ele recebeu os primeiro socorros, mas não resistiu e morreu no hospital. A polícia suspeita que outros dois internos, de 15 e de 17 anos, tenham cometido o crime. Embora os quartos sejam só para duas pessoas, eles estavam no quarto com a vítima quando o funcionário da unidade a encontrou enforcada.
Em dezembro de 2015, 20 infratores, todos da mesma ala, fugiram da UISM. À época, os adolescentes também usaram materiais que eram da própria estrutura da unidade, como barras de ferro, para quebrar os cadeados das portas e para render os servidores.
Casos em outras unidades
Ainda em janeiro deste ano, dois adolescentes em tentativa de fuga ocuparam a guarita da Unidade de Internação de São Sebastião (UISS), que funciona nos mesmos moldes da UISM. O grupo saía de uma atividade em uma oficina na unidade quando agrediu os servidores que o acompanhava.
Dias antes, um interno trocou de roupa com um visitante e fugiu da Unidade de Internação do Recanto das Emas (UNIRE) pela porta da frente. O jovem tinha mais de 18 anos e cumpria pena por um crime cometido na adolescência.
Armas brancas utilizadas por adolescentes que se rebelaram no centro de internação |
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