quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Tráfico leva 54% de internos à Fundação



O tráfico de entorpecentes é responsável por 54% das internações nas 11 instituições da Fundação Casa instaladas em cinco cidades da região de Bauru. De 340 internos, 184 estão nas unidades por crimes de envolvimento com drogas. Na sequência vêm casos de roubos e homicídios. E a médica deve ser assim também na nova unidade da cidade, que foi inaugurada ontem (leia mais abaixo).

O quadro reflete também no número de reincidentes. Um levantamento da instituição revela que, em 2014, de 9.872 internos em 149 unidades no Estado de São Paulo, 1.382 são reincidentes – a maioria também por crimes de tráfico. No entanto, houve queda de 15% dos casos, em relação a 2006, quando a Fundação registrou 2.862 adolescentes que retornaram às unidades, o que representa uma redução de 15% em oito anos.

 “O tráfico é realmente a maior alavanca da criminalidade”, avalia o juiz Ubirajara Maintinguer, da Vara da Infância e da Juventude de Bauru.

Segundo estatística apresentada pela Fundação Casa, o roubo vem logo atrás: 90 adolescentes. Maintinguer critica as iniciativas do poder público. “O sistema de direitos no Brasil funciona muito mal. Em 2011, havia 1,8 milhão de crianças fora de creche no País”.

Novo prédio

A estatística foi apresentada ontem durante a inauguração do Centro Socioeducativo Nelson Mandela em Bauru, cuja unidade tem capacidade para 56 adolescentes do sexo masculino. Trata-se de um novo projeto em gestão compartilhada com a Associação Comunitária São Francisco de Assis – Acop.

A cerimônia contou com a presença da presidente da Fundação Casa no Estado, Berenice Giannella, autoridades locais do Poder Judiciário, Executivo, servidores públicos, além de funcionários da Divisão Regional Sudoeste.

Conforme divulgado pelo JC, a aposta é seguir o processo de descentralização das instituições. “A vantagem é trazer a sociedade civil para dentro da Fundação Casa. Desde 2006 temos chamado as entidades do Terceiro Setor para trabalhar conosco. Isso aproxima mais o adolescente do município e melhora o retorno dele à sociedade”, explica Giannella.

A proximidade dos internos com a família, ainda segundo a presidente, melhora o processo socioeducativo e diminui os casos de reincidência. A questão do tráfico, contudo, vai além do nosso domínio. É preciso que os municípios revejam o conceito, além do apoio da família e o trabalho intenso nas escolas”, reforça Berenice Giannella.
Internação definitiva
A nova unidade da Fundação Casa em Bauru receberá apenas os adolescentes com internação definitiva. As provisórias serão mantidas na antiga unidade.  “As duas unidades seguem as mesmas diretrizes da Fundação, tanto a de gestão plena quanto a de gestão compartilhada. O que a gente tem buscado são atividades desenvolvidas por parceiros do Terceiro Setor”, detalha Berenice Giannella, presidente da Casa.

A questão da humanização, segundo explica o diretor da Acop, Jeferson Campos, está na intensidade de atividades com os internos. “O trabalho de socialização é o fato de o adolescente acordar às 6h da manhã e ir dormir às 22h. Eles têm atividades o dia todo. Com o sistema integrado no trabalho, torna-se mais eficaz, até porque já fazemos uma mobilização nas periferias”, pontua.

http://www.jcnet.com.br/Geral/2014/09/trafico-leva-54-de-internos-a-fundacao.html

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