Documento, entregue ao Condeca, traz as metas para execução de
medidas socioeducativas nos próximos 10 anos e será aberto para consulta
pública nesta segunda (15/9)
A
Fundação CASA entregou ao Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do
Adolescente (Condeca), no final de agosto, o Plano de Atendimento
Socioeducativo do Estado de São Paulo, que traz, além do diagnóstico e
da evolução do atendimento no Estado, sete eixos, 12 objetivos e 67
metas para serem atingidas nos próximos 10 anos, após sua aprovação pelo
Conselho.
A partir da próxima segunda-feira (15 de setembro), exclusivamente no site da instituição (www.fundacaocasa.sp.gov.br),
o documento estará aberto para consulta pública e recolhimento de
contribuições que podem ser feitas pelo formulário disponível no sítio.
No site da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social (SEDS) também
haverá link para a consulta na página da CASA.
A redação do plano
foi coordenada pela equipe da Fundação e da SEDS, responsáveis por gerir
o sistema socioeducativo em São Paulo – a Fundação responde pelas
medidas de restrição e privação de liberdade (internação, internação
sanção e semiliberdade, além da internação provisória e do atendimento
inicial), enquanto a SEDS trata daquelas em meio aberto (prestação de
serviços à comunidade e liberdade assistida).
A elaboração serve
de planejamento estratégico para a área na próxima década e atende à
exigência do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase). Só
depois de o governo federal divulgar o Plano Nacional de Atendimento
Socioeducativo, em novembro de 2013, com as diretrizes e eixos
operativos nacionais, Estados e municípios puderam começar a compor seus
planejamentos, no prazo de até 360 dias.
Entre os eixos de
atuação previstos estão qualificar o sistema socioeducativo, atuar com
ações preventivas, estruturar e qualificar o sistema socioeducativo,
garantir a participação dos adolescentes na execução, realizar ações
intersetoriais para efetivação de protocolos e fluxos de atendimento e
promover ações intergovernamentais com a articulação das ações.
O
desafio a ser enfrentado em São Paulo é grande. De acordo com o
Levantamento Nacional 2011 do Atendimento Socioeducativo ao Adolescente
em Conflito com a Lei, da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), o
aumento do atendimento em São Paulo é superior à média nacional.
Em
2011, o Estado paulista respondia por 43% das internações e internações
provisórias do Brasil, do total de 17.677 jovens que se encontravam no
sistema. Só as internações provisórias, em São Paulo, aumentaram 35,7%
(entre 2010 e 2011), ante a média nacional de 9,68%. Já na internação, o
índice foi de 17,70% a mais, enquanto a média brasileira foi de 10,97%.
Reflexo interno
Esses
números também se tornam evidentes a partir dos dados da Fundação CASA.
Entre 2006 e 2013, houve crescimento de 111% da população atendida (nos
atendimentos cabíveis à instituição), saltando de 16.019 para 33.798
jovens.
A internação, a medida gravosa e excepcional segundo o
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), teve crescimento de mais de
30% na sua aplicação entre os anos de 2006 e 2013 – de 5.189 jovens
internados para 6.768.
Entre todas as internações ocorridas em
2006, o roubo qualificado era o principal ato infracional que
justificava a internação dos adolescentes (3.301), seguido pelo tráfico
de drogas, com 1.649 jovens. Porém, em 2010, o tráfico ultrapassou o
roubo qualificado, correspondendo a 7.539 internações naquele ano,
contra 6.610 por tráfico de drogas. A tendência se manteve até 2013,
quando 10.700 jovens foram internados por tráfico e 10.086 por roubo
qualificado.
Os jovens pretos e pardos, conforme a classificação
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), correspondia a
67% da população atendida em 2013, ante 60% em 2006.
A faixa
etária com maior concentração de adolescentes cumprindo algum programa
da Fundação CASA é de 15 a 17 anos, em média seis vezes mais do que os
adolescentes de outras faixas – de 12 a 14 ou de 18 a 20 anos. Em 2006,
77,76% dos adolescentes possuíam 15 a 17 anos, enquanto o número saltou
para 80,44% sete anos depois.
“Mesmo com desafios tão importantes
nos meios fechado e aberto, a Fundação CASA evoluiu no seu atendimento,
principalmente com a mudança institucional, ocorrida em 2006, adequando
suas diretrizes ao ECA e, posteriormente, ao Sinase”, afirma a
presidente da CASA, Berenice Giannella. “Entre tantos resultados,
conseguimos, por exemplo, reduzir a reincidência de 29%, em 2006, para
13,81% em 2013.”
Depois da consulta pública, o Condeca realizará uma audiência pública, em 15 de outubro, para a aprovação do plano.
http://www.publikador.com/politica/laureenmello/2014/09/fundacao-casa-apresenta-plano-estadual-de-atendimento-socioeducativo/
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