
O problema se estende desde o ano passado, com a superlotação de penitenciárias e, agora também nas instituições que recebem menores infratores. De acordo com o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), os menores só podem permanecer na cadeia de Adamantina por 5 cinco dias, depois disso eles devem ser encaminhados para a Fundação Casa de Irapuru, mas devido a superlotação, os menores acabam sendo liberados.
O IMPACTO entrou em contato com o delegado responsável pelo 1º Distrito Policial, Valdir do Prado, que explicou que a Polícia Civil, quando recebe ofício do juiz da infância para liberação do menor pede um contato para que alguém o busque. “Ao ser liberado o menor deve ser entregue para a família, mas boa parte deles não comparecem. Quando os menores nos informam algum contato ligamos e esperamos alguém buscar, mas quando isso não acontece ou os familiares se negam a buscar por falta de condições, temos que acionar o Conselho Tutelar, que deve garantir a integridade do menor”, explica.
Mediante essa situação, o Conselho Tutelar de Adamantina fica responsável por menores infratores de 52 cidades que compreendem do Deinter 8 até que alguém venha buscar o adolescente ou o órgão municipal faz o recâmbio do mesmo para a cidade de origem. Somente em 2014 foram mais de 80 liberações, nesta semana passaram de cinco.
Como o índice de internação é alto, os conselheiros de Adamantinaenfrentam dificuldades para entregar esses adolescentes quando seus responsáveis por algum motivo não buscam o menor.
De acordo com a presidente do Conselho, Rúbia Mara Basso, frisa-se que a situação persistente coloca em risco a integridade física e a própria vida dos conselheiros tutelares e do próprio infrator, que na sua maioria ostentam extrema periculosidade, apreendidos por atos infracionais equiparados a crimes de roubo qualificado, latrocínio, tráfico ilícito de entorpecentes, tentativa de homicídio e outros. “E muitos adolescentes liberados estão em abstinências de drogas e em contato com esses menores os mesmos as vezes nem querem ajuda e também as vezes optam por ficar na cidade para praticar furtos”, ressalta.
O delegado explica que os menores são liberados sem cumprir as medidas sócio-educativas, mas, na maioria das vezes, assim que a vaga surge, o juiz entra em contato para o que o jovem seja buscado em sua cidade e vá para a Fundação Casa.
A secretária da Assistência Social de Adamantina, Briana Veiga, explica que a situação realmente é complicada, já que nem mesmo a Condeca (Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente) sabe de quem é a responsabilidade de levar estes menores – do município que ele pertence o que foi liberado.
“Precisamos que haja uma inter-relação melhor entre os Conselhos Tutelares e Assistências Sociais de outros municípios, para que se articulem, planejem e encontrem meios para lidar com o problema, que é regional, e não local. Temos encontrado muita resistência na hora de buscar os menores, e Adamantina acaba na maioria das vezes enfrentando a situação sozinha”, relata.
Briana completa que a equipe do Conselho Tutelar, acompanhada da Assistência, inicia o processo de ligação para os órgãos da cidade do menor por volta das 20h e só conseguem, geralmente, por volta das 23h, e a resposta é – ‘não temos como buscar o menor’.
A Fundação Casa de Irapuru conta com duas unidades, ambas com capacidade para 64 menores, mas todas vagas estão ocupadas.
Mediante a situação, o juiz da vara da infância e juventude de Dracena, Roge Naim Teen, estipulou uma multa de R$ 50 mil por dia por caso de vaga solicitada e não atendida. “Esperamos que mais juízes tomem essa iniciativa em suas comarcas, afinal, assim teremos um respaldo maior de toda a região”, relata a conselheira Rúbia.
http://www.bastosja.com.br/noticias/ver/noticia/19412/por-falta-de-vagas-na-fundacao-casa-menores-infratores-sao-liberados-da-cadeia-de-adamantina
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