quarta-feira, 18 de junho de 2014

Uma ação positiva

A Promotoria Pública de Mogi das Cruzes afirma que houve uma diminuição na apreensão de menores de idade no tráfico de drogas, após a adoção de medidas que endureceram a linha de conduta na apresentação dos casos ao órgão, após o flagrante do delito, e o encaminhamento desses jovens à Fundação Casa. Até um ano atrás, era cumprida uma rotina na Cidade, onde “os jovens tinham a certeza da liberdade e da impunidade”, segundo confirmou a promotora Florenci Cassab Milani, em entrevista a este jornal.
No detalhamento sobre os recursos apresentados ao Tribunal de Justiça do Estado, pleiteando a ida dos jovens para a entidade e a parceria feita com a Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes, que adotou novos procedimentos que possibilitaram acelerar o desfecho dos casos, algumas observações reunidas pela Promotoria Pública valem ser replicadas. Em particular, entre os atores sociais que trabalham diretamente com os jovens, como educadores, assistentes sociais e outros – a realidade do tráfico pode servir de base para o ajuste das ações de combate a um problema de segurança e de saúde pública, por causa do considerável aumento da dependência química em todas as camadas sociais.
Houve uma redução no uso desses jovens pelas organizações criminosas, porém, a situação ainda é grave. “Aqui em Mogi das Cruzes temos bairros em que o tráfico toma conta: os piores e tomados pelo tráfico são Jardim Nova União e César de Souza, na região dos chamados ‘prédinhos’ [Conjunto da CDHU]”, confirma a promotora Florenci. Após atuar em 45 cidades paulistas, ela firma que em nenhuma delas encontrou um quadro tão preocupante: “Mogi foi a pior em termos de volume de apreensão, e prisão [de adolescentes e adultos]”.
Essa gravidade explica as dificuldades que a Cidade enfrenta para reagir ao tráfico e aos outros crimes decorrentes dele, como este jornal alerta e divulga com frequência. O perfil dos jovens traficantes flagrados pelas autoridades – homens, de 13 a 17 homens, que não estudam e nem trabalham, e são sustentados, em geral, por mães que afirmam: “Doutora, dou de tudo para ele, parcelo em 36 vezes para que ele tenha um tênis” – indica quão prejudiciais são os reflexos da ruptura das estruturas familiar e educacional.
Decerto que é preciso aplicar a lei, com rigor e agilidade, para estancar a impunidade e direcionar esses jovens para a recuperação e a reintegração social; porém, isso combate os efeitos dessa conjuntura e não as causas do que está por trás do tráfico e da banalização das relações e da violência.

http://odiariodemogi.inf.br/opiniao/editorial/23885-uma-acao-positiva.html

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