A Promotoria Pública de Mogi das Cruzes
afirma que houve uma diminuição na apreensão de menores de idade no
tráfico de drogas, após a adoção de medidas que endureceram a linha de
conduta na apresentação dos casos ao órgão, após o flagrante do delito, e
o encaminhamento desses jovens à Fundação Casa. Até um ano atrás, era
cumprida uma rotina na Cidade, onde “os jovens tinham a certeza da
liberdade e da impunidade”, segundo confirmou a promotora Florenci
Cassab Milani, em entrevista a este jornal.
No
detalhamento sobre os recursos apresentados ao Tribunal de Justiça do
Estado, pleiteando a ida dos jovens para a entidade e a parceria feita
com a Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes, que adotou novos
procedimentos que possibilitaram acelerar o desfecho dos casos, algumas
observações reunidas pela Promotoria Pública valem ser replicadas. Em
particular, entre os atores sociais que trabalham diretamente com os
jovens, como educadores, assistentes sociais e outros – a realidade do
tráfico pode servir de base para o ajuste das ações de combate a um
problema de segurança e de saúde pública, por causa do considerável
aumento da dependência química em todas as camadas sociais.
Houve uma redução no uso desses jovens
pelas organizações criminosas, porém, a situação ainda é grave. “Aqui em
Mogi das Cruzes temos bairros em que o tráfico toma conta: os piores e
tomados pelo tráfico são Jardim Nova União e César de Souza, na região
dos chamados ‘prédinhos’ [Conjunto da CDHU]”, confirma a promotora
Florenci. Após atuar em 45 cidades paulistas, ela firma que em nenhuma
delas encontrou um quadro tão preocupante: “Mogi foi a pior em termos de
volume de apreensão, e prisão [de adolescentes e adultos]”.
Essa gravidade explica as dificuldades
que a Cidade enfrenta para reagir ao tráfico e aos outros crimes
decorrentes dele, como este jornal alerta e divulga com frequência. O
perfil dos jovens traficantes flagrados pelas autoridades – homens, de
13 a 17 homens, que não estudam e nem trabalham, e são sustentados, em
geral, por mães que afirmam: “Doutora, dou de tudo para ele, parcelo em
36 vezes para que ele tenha um tênis” – indica quão prejudiciais são os
reflexos da ruptura das estruturas familiar e educacional.
Decerto que é preciso aplicar a lei, com
rigor e agilidade, para estancar a impunidade e direcionar esses jovens
para a recuperação e a reintegração social; porém, isso combate os
efeitos dessa conjuntura e não as causas do que está por trás do tráfico
e da banalização das relações e da violência.
http://odiariodemogi.inf.br/opiniao/editorial/23885-uma-acao-positiva.html
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