terça-feira, 8 de abril de 2014

Infrator faz outro menor refém e exige cigarro na negociação

Por cerca de três horas, um adolescente de 17 anos fez outro menor, de 16 anos, refém numa cela do Complexo do Pomeri em Cuiabá. A ameaça só terminou com a presença da juíza da 1ª Vara da Infância e Juventude Gleide Bispo dos Santos, que determinou a compra de cigarro para o menor como parte da negociação.

A confusão ocorreu nesta segunda-feira na ala 6 por volta das 20h30, após o jantar.  Conforme os agentes prisionais, o adolescente estava armado com um chuço – arma artesanal confeccionada com pedaços de metal – e ameaçava cortar a garganta do colega. Havia um terceiro adolescente que dava suporte ao que estava armado.

Segundo a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, a equipe de negociação do Bope foi acionada para libertar o menor feito refém pelo infrator. “Como é de praxe, afim de garantir a integridade dos adolescentes, o Bope iniciou a negociação que terminou sem feridos”, diz a nota.

Após receber o cigarro, o adolescente libertou o colega. De lá, ele foi levado junto com o cúmplice para o Plantão Metropolitano da Capital para ser ouvido.

Conforme a magistrada, foi feita a negociação e somente um cigarro foi entregue. ”Somente um cigarro, não o maço. Eles queriam um cigarro para fumar. Tive que tomar essa decisão, pois eles libertaram o refém e entregou a arma (artesanal)” explicou a magistrada.

A juíza justificou a decisão para preservar a vida, pois o garoto ameaçava matar o outro. “Dentro de um critério de ponderação o que pesa é a preservação da vida”, explicou. Ela acrescentou que os menores são vítimas do sistema.

Eles alegaram que ficaram sem comida e sem água o dia todo e fizeram o colega de cela refém para chamar a atenção e exigir a presença da juíza. Os agentes, por sua vez, argumentaram que se trata de uma briga entre eles, que foi iniciada no domingo.

A magistrada lembrou que, com a construção do Pomeri de Várzea Grande e a reforma da unidade do Carumbé, haverá otimização do atendimento. “O sistema socioeducativo já foi pior. Estamos melhorando”, destacou.

Para o presidente do sindicado que representa os agentes monitores Paulo Cesar de Souza, a compra do cigarro faz com que os agentes se tornem reféns, pois outros infratores vão ficar sabendo e exigir o mesmo benefício. “A situação passou dos limites. Vamos fazer um protesto na próxima sexta-feira de manhã para garantir condições de trabalho. Dessa forma não dá”, queixou-se.

http://www.midianews.com.br/conteudo.php?sid=25&cid=194360

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