quarta-feira, 26 de março de 2014

Dificil para vizinhança e para quem trabalha lá dentro

Nova fuga na Funac deixa moradores ‘apavorados’ no Alto da Esperança - São Luiz \MA

Dois adolescentes conseguiram fugir da unidade da Fundação da Criança e do Adolescente (Funac), localizada no Bairro do Alto da Esperança – região do Itaqui-Bacanga. Esta é a segunda fuga registrada no local, neste ano, o que tem deixado os moradores daquela comunidade apavorados e temerosos, até mesmo por suas próprias vidas, pois durante as escapadas os internos sempre estão armados com chuços. (arma artezanal feita com pedaços de metal)

Adolescentes armados com chuços teriam ameaçado funcionários e ferido a recepcionista em uma das mãos, fugindo pelo portão da frente do Centro da Juventude Alto da Esperança. A polícia teria ido até o local, mas ninguém soube informar o paradeiro dos fugitivos, porém as buscas continuam. Atualmente, segundo a Funac, 14 adolescentes cumprem medida de internação naquela unidade.

Unidade da Funac provoca medo em moradores do Alto da Esperança/Foto:Francisco Silva
Unidade da Funac provoca medo em moradores
do Alto da Esperança/Foto:Francisco Silva
De acordo com a dona de casa Ana Costa, de 32 anos, cinco meninas conversavam perto do muro da Funac, quando foram surpreendidas pelo tumulto na porta da unidade e os adolescentes em fuga. “Quatro meninas correram em uma direção e a outra foi para o lado no qual estavam os adolescentes, que portavam armas brancas. Ao perceberem que eram seguidos por alguns monitores, um dos infratores ainda gritou para o outro pegar a menina que havia corrido na mesma direção deles como refém, mas ela conseguiu sair da rota dos fugitivos. A polícia até veio, mas não teve muito sucesso”, informou.


De acordo com Neto Pacheco, de 57 anos, morador da área desde 1982, a permanência do Centro de Juventude Alto da Esperança, no bairro, é apenas um dos muitos problemas que afetam a comunidade. Ele relatou que a população precisa de melhoria na infraestrutura das vias, segurança, saneamento básico e água de qualidade. “Infelizmente, temos vários problemas e não temos Associação de Moradores, quando a gente precisa reivindicar, no unimos e vamos para a rua protestar. A verdade é que fomos ludibriados com a instalação dessa Funac. Antes, o prédio abrigava uma escola, depois virou unidade de internação feminina e, há pouco mais de um ano, se tornou o Centro da Juventude. Porém, representantes da Fundação e da Secretaria de Segurança Pública (SSP-MA) fizeram várias reuniões conosco e em todas elas afirmamos que não queríamos e nem aceitávamos o presídio, mesmo que fosse só para adolescentes. No entanto, garantiram que era apenas uma situação provisória, enquanto a Unidade da Maiobinha passava por reformas, mas o que temos conhecimento é que eles vão ficar permanentemente”, explicou.

Outra moradora, que preferiu não ser identificada, pontuou que a proximidade das casas e da própria comunidade com o prédio da Funac do Alto da Esperança causa medo e desconforto para quem reside na área.

Ela disse que os infratores são extremamente perigosos e a polícia não é tão presente. “Infelizmente, a nossa realidade é essa, os assaltos e homicídios são frequentes e cada vez mais comuns, e ninguém faz nada para mudar a nossa realidade. Estamos vivendo a ‘lei do silêncio’; afinal, ninguém quer ser visado ou ameaçado por bandido na rua, por isso muitas vezes nos calamos diante dos problemas e transtornos que vivemos, pois sabemos que estamos apenas nos expondo, já que ninguém toma uma providência eficaz e definitiva em relação à nossa segurança”, afirmou.

PRIMEIRA FUGA – A primeira fuga da Funac do Alto da Esperança, situada na Travessa Nova Turu, ocorreu no dia 7 de janeiro, quando sete internos conseguiram se evadir pelo portão principal, após uma confusão, que resultou em, pelo menos, um ferido. Na ocasião, todos os adolescentes usavam armas artesanais e fizeram refém um colega da unidade.

Entre os internos que escaparam nas duas fugas está um adolescente de 16 anos, suspeito por participar da morte do paisagista Daniel Prado Smith, ocorrida no dia 4 de setembro de 2013. Em fevereiro, ele foi apreendido na casa de uma tia no bairro Nova Jerusalém, no município de Codó. Ao ser recapturado, o adolescente prometeu aos monitores que fugiria novamente.

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