Nos Centros de Socioeducação, estão constituídas as comunidades socioeducativas, formadas por todos os servidores que trabalham nos centros, os quais são denominados de socioeducadores. O educador atua junto aos jovens em dificuldades que recaem nas falhas da família e da sociedade. Sua atuação é a última tentativa de defesa pessoal e social do educando (Costa, 2009).
Essa missão de socioeducar é vista como árdua, pois muitos desses adolescentes tiveram socialização insuficiente dentro do núcleo familiar para enfrentar com êxito a tarefa que lhe está sendo proposta: a de aprendizado dentro do centro de socioeducação (Savater, 2005).
O desejável é que o adolescente ocupe o lugar de destaque na execução, ou seja, o foco nas intenções e nas ações de todos os servidores, auxiliando-o na construção de um novo projeto de vida, baseado em valores éticos e morais (IASP, 2006). Segundo Zdradk (2009), a ação socioeducativa constitui-se na preparação em formação para assumir papéis sociais relacionados à vida coletiva, ao comportamento justo na vida pública e ao uso adequado e responsável de conhecimentos e habilidades disponíveis no ambiente que o adolescente esta inserido.
Não obstante, os funcionários responsáveis pela socioeducação sofrem frustrações em função da realidade antagônica, como agente reabilitador e agente de segurança. Além disso, tendo contato diário com os adolescentes em medida socioeducativa, os funcionários ficam expostos a uma grande tensão cotidiana e o foco do trabalho, inevitavelmente, passa a estar na garantia de segurança. A partir disso, o trabalho exercido começa a entrar em um conflito motivacional, razão pela qual estes funcionários estão enquadrados no grupo de risco aumentado de desenvolvimento de Burnout (Kurowski & Moreno-Jimenez, 2002). Nesse sentido enquadram-se entre os profissionais que podem vir a ter uma resposta ao estresse laboral crônico, desencadeado pelo esgotamento de recursos para enfrentamento dos agentes estressores, somados ao sentimento de frustração (Maslach & Jackson 1986).
O tempo mínimo de permanência dos internos na instituição é de seis meses e o tempo máximo de três anos. Durante todo este período os adolescentes passam por atividades programadas, tais como: o processo de escolarização, atividades artísticas, culturais e esportivas, oficinas pedagógicas e profissionalizantes, atividades de lazer, atividades religiosas, atividades de autocuidado, conservação do meio ambiente e atendimentos à saúde. A equipe técnica, composta por psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros e dentistas, deve garantir a assistência integral à saúde e ao desenvolvimento do adolescente. Os socioeducadores tem como função fazer com que os procedimentos básicos ao bem-estar e autocuidado (assistência a alimentação, banho e cuidados diários com a higiene) fossem cumpridos, além dos procedimentos de locomoção, garantindo a segurança dos adolescentes e da instituição como um todo.
Segundo Savater (2005) a socioeducação que esses adolescentes tiveram foi insuficiente dentro do núcleo familiar, com isso, percebe-se uma dificuldade para enfrentar as exigências que o centro de socioeducação propõe, entre elas, as regras e também a coletividade forçada.
foi possível detectar alguns outros pensamentos automáticos que permeavam a discussão, sendo eles "eu sinto vergonha do meu trabalho" e também "as pessoas nos culpam pelas infrações dos adolescentes". Segundo Lourenço (2010) os educadores são vistos pela sociedade de forma pejorativa, carregando a fama de serem pessoas desprovidas de sensibilidade, torturando os internos.
Em diversas situações ocorreram verbalizações como "a sociedade acha que eles [os adolescentes] são uns anjinhos, mas vem aqui passar o dia com eles", ou então "falar em reabilitação é muito bonito para escrever livros, mas no dia a dia a conversa é outra". Além disso, foi possível trabalhar aspectos como as crenças de injustiça em falas como "todo mundo só se preocupa com os adolescentes, e nós?", "nunca vi ninguém escrever uma cartilha sobre os nossos direitos, a gente só tem deveres aqui!", "queria ver como seria se as coisas ainda estivessem no modelo antigo, onde os guardas entravam descendo a lenha, a gente conversa, respeita, até dá atenção, mas somos sempre os ruins da história"
Em função da importância do trabalho do socioeducador no atendimento oferecido aos adolescentes infratores e o papel de modelo para os adolescentes, considera-se de suma importância a realização de pesquisas nesta área, visando melhorias na qualidade de vida tanto do socioeducador e, por conseguinte, na vida dos adolescentes internos.
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1808-56872011000100010&script=sci_arttext
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