domingo, 26 de janeiro de 2014

Promotor quer Fundação Casa mais efetiva

Fundação aponta que renda gerada com a nova profissão pode deixar o jovem longe do mundo do crime

O promotor Luís Henrique Paccagnella, da Infância e Juventude de Ribeirão Preto, avalia que muito ainda precisa mudar na estrutura da Fundação Casa para que o objetivo de reinserção dos jovens infratores na sociedade seja alcançado. Ele avalia que o sistema atual é prisional e não socioeducativo, como pretende ser.



A fundação passou por diversas reestruturações desde que foi fundada, em 1974. Até 1989, com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), menores carentes ficavam abrigados no mesmo local em que os menores que cometiam crimes. É dessa época as histórias de violência relatadas por Cláudio como interno do Educandário de São Paulo.

Só em 2006, a Febem, que também guardou histórias de violência contra o menor, passa a ser Fundação Casa, com mudanças na maneira de ressocialização dos jovens. “Ainda temos muito a melhorar”, pontua o promotor.

Ele entende que a profissionalização dada dentros das unidades colabora com o futuro do adolescente, mas não é suficiente.

“É necessário que se dê continuidade a isso quando o jovem vai para a rua. Não há assistência ao adolescente que deixa a internação. As medidas precisam ser mais efetivas e articuladas com outros órgaõs públicos”.

Para Paccagnella, cursos técnicos como os da Etec deveriam ser ministrados dentro da unidade. “O que a gente quer é um centro de qualificação profissional para os internos”.

O promotor avalia que as vagas conquistadas por João e Júlio podem ser decisivas para o futuro dos dois, mas está certo de que é preciso mais. “A Etec dá um grande potencial de sucesso, mas não dá para pensar que a educação sozinha vai conseguir tirar esses jovens do crime.”

Para professora, cursos garantem renda sem crime

A professora Clara Magalhões, coordenadora dos cursos da FAT (Fundação de Apoio a Tecnologia) na Fundação Casa, pontua que a iniciação profissional, entre outros benefícios, faz com que o jovem tenha renda fora do crime.

“Entre os cursos oferecidos, destacam-se alimentação e construção civil, o que acompanha muito a oferta do mercado de trabalho. Mesmo que os jovens não sejam absorvidos pelo mercado, eles conseguem auxiliar suas famílias. Temos alunos que preparavam coxinhas e entregavam para as mães vender”.

Reinaldo Almazan, diretor da unidade Ribeirão Preto, explica que os adolescentes são orientados antes de iniciarem um curso e quando vão prestar vestibulares, para que escolham algo que gostem e sigam com a carreira depois. “Nós temos coordenadores pedagógicos que acompanham as escolhas”.

Para Ana, mãe de Júlio, foi essa orientação que garantiu a vaga do filho. “Meu filho foi acompanhado pela psicóloga e em pouco tempo se preparou para a prova.”

http://www.jornalacidade.com.br/noticias/cidades/NOT,2,2,919273,Promotor+quer+Fundacao+Casa+mais+efetiva.aspx

Um comentário:

  1. Tem que deixar é a demagogia de lado.
    Trabalhei dos meus 14 anos até os 18, não morri, segui meus estudos e por isso, se muitos jovens pudessem trabalhar, com certeza Fundação Casa seria só um vocabulário estranho.

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