Em 53,7% das 853 cidades
mineiras, crianças e adolescentes infratores que deveriam estar
cumprindo medidas socioeducativas em meio aberto acabam sem
acompanhamento do poder público. Considerada preocupante por juízes,
promotores e responsáveis pela segurança pública no Estado, a situação
consta em levantamento recente feito pelo Ministério Público de Minas
Gerais (MPMG) sobre a liberdade assistida, que é concedida pelo
magistrado quando o crime é de menor potencial ofensivo ou quando o
autor sai de um centro de internação e demanda monitoramento.
Pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), os menores que recebem a liberdade assistida deveriam
ser acompanhados por psicólogos e assistentes sociais por no mínimo
seis meses, para evitar a reincidência no crime. Nesse caso, os
profissionais iriam, por exemplo, monitorar a frequência e o
aproveitamento escolar. Mas o relatório do MPMG mostra que apenas 395
prefeituras – 46,3% do total – têm estrutura para o serviço.

“Há
prefeitos que nem sabem que são responsáveis por executar a liberdade
assistida, uma das principais formas de prevenção de crimes”, relata o
secretário de Estado de Defesa Social, Rômulo Ferraz. Segundo a pasta,
1.647 menores que cometeram infrações mais graves ou reincidiram em
crimes cumprem medidas socioeducativas em meio fechado no Estado. Na
teoria, os prefeitos que não disponibilizam esse tipo de acompanhamento
poderiam responder por improbidade administrativa, como prevê a Lei
12.594, de 2012, que institui o Sistema Nacional de Atendimento
Socioeducativo. Mas a legislação ainda não foi colocada em prática pela
União.
Déficit de informações
Dados. 0A
lei federal que cria o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
define que todos os municípios e Estados informem o número de menores
infratores que cumprem medidas socioeducativas em meio aberto e fechado.
O banco de dados, porém, ainda não foi criado pela União.
Obscuro. 0
A Secretaria de Estado de Defesa Social e o Tribunal de Justiça de
Minas Gerais não souberam informar quantas crianças e adolescentes estão
em liberdade assistida no Estado. A secretaria disse apenas que há
2.800 vagas para meio aberto, incluindo a prestação de serviços
comunitários, mantidas em parceria com as prefeituras.
Crítica. 0
“Se não há uma dimensão do problema, não há como planejar a estrutura
do serviço, de psicólogos e de assistentes sociais necessários”, pondera
a promotora Andréa Carelli.
http://www.otempo.com.br/cidades/mais-de-50-das-cidades-n%C3%A3o-acompanham-menor-infrator-1.767845
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