sábado, 23 de novembro de 2013

Quero ser advogado”, diz interno da Fundação Casa



Há três meses cumprindo medida socioeducativa na Fundação Casa de Bragança Paulista, o jovem de 18 anos, Gustavo (nome fictício escolhido pelo adolescente no momento da entrevista), se prepara para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), voltado para pessoas em privação de liberdade, o chamado Enem PPL, e sonha: “quero ser advogado”. É uma chance de ingressar na faculdade e começar uma vida nova.

Assim como Gustavo, Lucas, 17 anos (nome fictício escolhido pelo adolescente), há seis meses cumpre medida socioeducativa em Bragança Paulista, ele que é de Várzea Paulista, também almeja dias melhores. “Eu desejo fazer engenharia civil”.


Adolescente se prepara para o Enem PPL

Eles não são as exceções. Apenas na Fundação Casa de Bragança Paulista, outros seis adolescentes irão prestar o Enem PPL. Neste ano, 830 adolescentes que cumprem medida em 121 centros socioeducativos do estado de São Paulo, se preparam para as provas que serão aplicadas nos dias 3 e 4 de dezembro.

Assim como os demais candidatos aos programas de bolsas de estudos do Governo Federal, os adolescentes da Fundação Casa também enxergam no Enem uma oportunidade de ingressar no ensino superior e ter uma profissão.

Elisângela Martins dos Santos, diretora da Fundação Casa local, disse à reportagem do BJD que o ensino dentro da instituição é similar ao da Rede Estadual de Ensino. “Temos quatro salas de aula, como se essas salas fizessem parte da rede estadual de ensino.

Todas as manhãs, os meninos frequentam as aulas, fazem as avaliações e quando saem da Fundação eles podem dar continuidade à escolarização lá fora”, diz.

A instituição também dispõe de uma equipe multiprofissional que acompanha os adolescentes desde a chegada.

Gustavo e Lucas, ambos apreendidos por tráfico de entorpecentes, disseram que querem muito mudar de vida e andar no “caminho certo”.

“Quero terminar de estudar, ser advogado e ajudar muita gente”, disse Gustavo, que é pai de um garoto de cinco meses. “Além de estudar e mudar de vida, eu preciso ser exemplo para meu filho. Não desejo isso [ser apreendido] para um amigo, imagine para meu filho”.

Já Lucas quer ser engenheiro civil porque gosta de desenhar, aliás, foi na Fundação Casa que ele descobriu o lado artístico. “Lá fora fazia tudo o que queria, mas de forma errada. Agora estou no caminho certo e desejo continuar” afirma o garoto, que é filho único e que tem como maior sonho “dar orgulho para os pais”.

Assim como os demais meninos da Fundação Casa local, 63 no total, eles acordam por volta das 5h45 da amanhã, organizam a roupa das camas feitas de concreto, tomam café e começam a participar das atividades durante todo o dia: são aulas regulares, atividades como esporte, teatro e cursos profissionalizantes como culinária e informática. Depois de todas as atividades, eles voltam aos alojamentos por volta das 20h30.

A diretora da Casa e o coordenador pedagógico, Jorge Fagundes, explicaram que os internos são divididos em quatro salas de aulas: de 1ª a 4ª série, de 5ª a 8ª (duas salas, pois é onde há mais alunos), e do Ensino Médio. “Os alunos que farão o Enem PPL ainda participam de oficinas de estudo e farão simulados da prova”, dizem.

No ano passado, 23.665 candidatos privados de liberdade fizeram o Enem, sendo 20.687 homens e 2.978 mulheres. Do total, 17.945 buscaram a certificação do ensino médio. Para este ano, segundo o MEC, 30 mil candidatos foram inscritos para a prova. O crescimento é de 28,13% em relação a 2012.

Bragança-Jornal

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