Tem sido cada vez mais discutida pelos brasileiros a questão da redução
da maioridade penal no país. Muitas pessoas defendem que isso ajudaria a
reduzir a criminalidade praticada por adolescentes e outras acreditam
que a solução seria paliativa e em vez de reduzir a maioridade penal, o
ideal seria oferecer estrutura para que os jovens não ingressem no mundo
do crime.
De acordo com o promotor de justiça Dr. Antônio Henrique Samponi
Barreiros, dentro do Ministério Público a questão também se divide entre
favoráveis e contrários.
"O Ministério Público geral não tem uma posição definida, há
promotores favoráveis a redução da maioridade penal e há promotores
contrários, há uma linha de promotores que trabalham com a infância e
juventude que acreditam que a redução da maioridade penal não irá
resolver o problema da criminalidade, que hoje nós temos presídios
lotados, falta de condições na ressocialização do preso e que reduzindo a
maioridade penal iria apenas aumentar a quantidade de menores dentro
das cadeias, dando superlotação nos presídios que nós já não temos vagas e sem resolver a problemática", declarou.
O promotor afirmou ainda que ao mesmo tempo em que promotores de
justiça que atuam na área de infância e juventude são contra redução da
maioridade penal, os profissionais da área de segurança pública defendem
essa questão.
"Nós vemos que jovens hoje com 15 anos, 14 anos, 16 anos, já tem
consciência da gravidade do seu ato, da ilegalidade do ato que comete,
então acham que a maioridade penal deveria ser reduzida porque eles
deveriam responder como adultos, principalmente na prática de atos
graves, como o homicídio, o tráfico de drogas, roubos a mão armada ou
latrocínio, são crimes que os jovens que praticam têm consciência da
maldade que estão fazendo, da gravidade do ato que estão cometendo e,
portanto deveriam responder como o maior", afirmou.
Segundo o Dr. Antônio, o que acaba levando os adolescentes a
cometerem crimes, é justamente a certeza de que não serão punidos, já
que eles acabam no máximo, passando alguns meses na Fundação Casa por
crimes que cometem.
"O que nós percebemos é que esses jovens tem uma sensação de
impunidade muito grande e essa sensação de impunidade faz com que eles
cometam atos infracionais, que são os crimes praticados por
adolescentes, sem muita preocupação em relação a conseqüência desses
atos", disse.
Na opinião do promotor, seria possível criar uma forma de garantir
que o jovem pudesse ser responsabilizado por seus atos, sem precisar
compará-lo a um adulto.
"Eu acredito que nós teríamos como criar uma situação intermediária
para um jovem de 16 a 18 anos para que ele respondesse e ter na verdade
uma aplicação de pena que pudesse ser cumprida até os 18 anos num local
apropriado, separado do adulto, e depois dos 18 anos ser encaminhado
para o restante da pena num presídio, para que esse jovem não tivesse
uma medida tão branda para crimes tão graves, tendo consciência desses
fatos e se esquivando como adolescente do cumprimento dessas penas"
finalizou Dr. Antonio Barreiros.
De acordo com o promotor, em uma semana, seis adolescentes de
Paraguaçu chegam a ser internados em uma Fundação Casa pelo envolvimento
com tráfico.
"Hoje em Paraguaçu a participação de adolescentes em atos
infracionais, em crimes, ela se tornou significativa, principalmente em
crimes graves como tráfico de drogas. Percebemos que traficantes maiores
de idade estão se utilizando de adolescentes, geralmente adolescentes
evadidos do ensino, e isso vem gerando uma problemática grande em nosso
município", conclui o promotor.
http://www.assiscity.com/?id=85-24431&tit=em+uma+semana+6+adolescentes+foram+para+fundacao+casa+por+trafico+em+paraguacu
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