sábado, 29 de junho de 2013

Descoberto na Fundação Casa, ex-interno vai disputar campeonato paulista de futebol

LEANDRO AGUIAR
CLARA VELASCO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Foi durante uma partida de futebol na Fundação Casa que um time profissional descobriu o então interno Marcus Vinícius Oliveira, 17. O jovem paulista integra a categoria sub-17 do Osasco Futebol Clube e vai disputar a Série B do Campeonato Paulista no segundo semestre deste ano.


Marcus conta que foi detido pela primeira vez aos 15 anos, por roubo. Uma vez na fundação, jogava futebol todos os dias na quadra da unidade, e mesmo antes de ser solto foi chamado para treinar na Portuguesa. Continuou a treinar em liberdade, mas um segundo roubo o fez retornar à fundação. Na segunda detenção, aos 16 anos, chamou a atenção do Osasco, onde está desde outubro de 2012.

Danilo Verpa - 31.abr.2013/Folhapress
Marcus Vinicius, que já esteve detido na Fundação Casa e hoje está na equipe sub-20 do Osasco
Marcus Vinicius, que já esteve detido na Fundação Casa e hoje está na equipe sub-20 do Osasco

A Fundação Casa organiza campeonatos de futebol de campo todos os anos. "Alguns diretores de times profissionais veem as partidas e nos procuram para que possamos encaminhar os meninos para os times", diz Zé Maria, campeão do mundo pela seleção brasileira em 1970 e um dos responsáveis por gerenciar a prática esportiva na Fundação Casa.

"Essa oportunidade não é pra qualquer um", afirma Telma Oliveira, mãe de Marcos. Ela costuma acompanhar o filho nos treinos, e mesmo dizendo não entender muito de futebol, diz garantir que ele é bom jogador. O filho explica: "jogo mais aberto, em velocidade pelas pontas". Quando questionado se busca inspiração em algum jogador, responde: "O Lucas, que jogava no São Paulo [hoje no francês PSG]".

Zé Maria defende que "o esporte exige disciplina, respeito e vontade". Por isso, ele diz acreditar que os internos interessados em jogar sabem que, se tiverem algum problema durante os jogos ou se tentarem fugir das unidades, estarão fora do time.

Apesar de incentivar o esporte, o campeão mundial diz que a maior parte dos jovens que jogam na fundação não vai conseguir integrar alguma equipe profissional. "É o sonho de muitos deles, mas é claro que a probabilidade de se chegar ao profissional é muito pequena. Para a grande maioria, a gente fala que tem que trabalhar, procurar outro caminho."


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