quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

“Enem é oportunidade de voltar para a sociedade como uma pessoa digna”, diz interno da Fundação Casa que faz 2º dia de prova hoje

Como muitos jovens de 17 anos, Fabiano começa a traçar o que espera do seu futuro: com a nota do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), o jovem pretende terminar o ensino médio e ingressar em uma faculdade de direito. Ele tem, porém, um diferencial: há cinco meses, ele é um dos internos da Fundação Casa São Paulo, no Complexo da Vila Maria, na zona norte de São Paulo.

Fabiano é um dos 488 jovens da Fundação Casa que começaram a fazer o exame nesta terça-feira (4) e farão o segundo dia de prova nesta quarta-feira (5). No País, o exame será aplicado para 23.665 candidatos em unidades prisionais ou socioeducativas.

O adolescente falou que foi detido porque era um “jovem impossível de controlar e que agiu em um momento de emoção”. Para Fabiano então, que estava cursando o 3º ano do ensino médio quando foi detido, o Enem é uma chance “de começar uma vida nova lá fora”.

— É uma oportunidade de voltar para a sociedade como uma pessoa digna. Com livre arbítrio, sem discriminação.

Ele diz que estuda diariamente na fundação e que tem apoio dos educadores. Sobre seus pais, que moram no interior de São Paulo, Fabiano diz que recebe apoio deles.

— Para eles é até gratificante de ver que, eles se sentem orgulhosos porque, apesar do que eu fiz, de estar aqui, daqui pra frente eu vou fazer melhor.

O adolescente Lucas, 17 anos, também diz que vê o Enem como uma porta de entrada para a faculdade. Como trabalhou uma época na área, seu sonho é fazer um curso de administração de empresas.

— Estou aqui há um ano e acho que essa prova vai me beneficiar. Independente da vida que nós seguimos, a prova é uma coisa que vai trazer coisas boas.

Na fundação, Lucas diz que costuma ler livros com as matérias do Enem e de vestibulares, além de outros livros e cita o autor Augusto Cury.

Passatempo

Pedro, 18 anos, também está fazendo a prova do Enem para concluir o ensino médio e para, no futuro, cursar uma faculdade de história e também de desenho industrial. Como gostar de desenhar, diz que quer trabalhar com tatuagem. Tímido, o jovem que está na Casa Bela Vista há um ano e um mês, diz que sente prazer em estudar e que está estudando espanhol, após concluir o curso de inglês.

— Estudar é meu melhor passatempo. Aprendi muita coisa aqui.

O jovem, que diz não gostar de falar sobre “os erros que cometeu e que ficaram no passado”, é o único da unidade da Bela Vista a prestar a prova. Questionado sobre o assunto, ele diz que virou uma referência no local.

— Os meninos me apoiam para fazer a prova. Eu acabei virando uma referência. Eles me procuram quando querem saber uma palavra que não conhecem ou têm alguma dúvida.

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