A Delegacia Especializada do Adolescente ouviu em depoimento a mãe do adolescente de 14 anos, que teria sido abusado sexualmente dentro do Complexo do Pomeri, após a facilitação de um agente orientador. Ela veio de Cáceres (cidade a 230 quilômetros da Capital) para ver o filho e ficou sabendo do abuso. O garoto teria sido estuprado no dia 18 deste mês. O outro, de 16 anos, no dia 23. Como não houve registro dos dois casos, a falta de documentos impediu que ele tivesse o acesso ao coquetel de combate ao vírus HIV.
O delegado Paulo Alberto Araújo, titular da DEA, instaurou investigação para apurar as denúncias. Ele já ouviu os dois garotos e também familiares dele, além dos envolvidos no abuso sexual. Os garotos que abusaram dos dois menores também responderão ao crime de estupro através de um boletim de ocorrência circunstanciado – equivalente ao inquérito.
Na parte da manhã, agentes orientadores do Pomeri fizeram um protesto em frente a unidade reclamando das condições de trabalho e alegam que ainda não foram ouvidos no inquérito que apura o abuso dos dois adolescentes. Acrescentaram que a divulgação dos dois casos acabou prejudicando trabalho deles. “A gente gostaria de ser ouvida para esclarecer os fatos”, disse uma agente prisional.
O delegado informou que todos serão ouvidos obedecendo a ordem do que já foi estabelecido. Os agentes deverão ser os últimos a serem chamados na Delegacia.
Conforme denúncias dos pais dos garotos, existiria uma espécie de rodízio de abuso sexual e tortura de internos. As denúncias chegaram até a Justiça e juíza Gleide Bispo dos Santos, que atua na Vara da Infância e Juventude de Cuiabá, e determinou a retirada dos dois adolescentes.
Até agora, um agente conhecido como “Volverine” é apontado pelas vítimas como sendo o responsável por abrir outras celas para que vários jovens se juntassem aos abusadores e torturassem os adolescentes por cerca de 40 minutos. Nesse tempo todo, os dois garotos disseram que ninguém fez nada para acabar com aquilo.
Para provar que não estava mentindo, um dos garotos apresentava sinais de queimadura por barras de ferro que foram raspadas no chão e, aquecidas, encostadas no garoto como forma de impedir a reação. “Foi uma tortura geral. Além de abusar, ainda torturaram”, relatou um familiar de um dos garotos. (AR)
http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=420482
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