RIO - O coronel Rogério Seabra, comandante das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), afirmou que o menor preso nesta sexta-feira confessou ter matado o policial militar Diego Bruno Barboza Henriques, de 24 anos, que fazia patrulhamento de rotina a pé na Favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio, na noite de quinta-feira. O menor infrator disse estar com dois comparsas no momento em que fez o disparo, em um lugar escuro na localidade 199. A polícia procura os dois criminosos que estariam com o preso no momento do crime. O menor foi preso em casa, na mesma localidade 199, por meio de informações do Disque-Denúncia. Com ele, foram encontrados carregadores e munições de pistola 9 milímetros, mesmo calibre do disparo que matou o PM.
Diego foi enterrado nesta sexta-feira. Na cerimônia, parentes e amigos estavam muito emocionados. Ele tinha um relacionamento de oito anos com Hellen Teixeira Silva, de 22 anos, com quem planejava se casar nas próximas semanas.O soldado foi morto faltando uma semana para a inauguração da UPP da Rocinha, com um tiro no rosto. A inauguração da UPP da Rocinha está prevista para a próxima quinta-feira. A unidade terá o efetivo de 700 policiais.
Esta foi a segunda morte de um policial militar em confronto com bandidos da Rocinha. O governador Sérgio Cabral afirmou, em seu perfil no Twitter, que a ação dos criminosos na comunidade, na noite desta quinta-feira, foi mais uma ação desesperada dos bandidos. Segundo Cabral, "a diferença é que até dois anos atrás a polícia era a invasora. Agora, o bandido é o invasor".
"O Rio de Janeiro pode ter certeza que não haverá retrocesso nas comunidades pacificadas. A paz é o nosso objetivo para todas as regiões do nosso estado", acrescentou o governador.
O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, lamentou a morte do policial:
- É triste, é lamentável. Digo à população do Rio que não vamos recuar. Não vamos desistir e deixar um caso como este atravessar na frente de um projeto que está salvando vidas - afirmou ele, em referência à instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).
Apesar de operação policial na Rocinha, o clima é de aparente tranquilidade entre os moradores. O comércio funciona normalmente, e o movimento nas ruas é intenso. Um helicóptero da Polícia Militar começou a sobrevoar a comunidade por volta das 10h desta sexta-feira. Informações preliminares da polícia indicam que suspeitos já foram detidos, mas ainda não foi divulgado quantos e nem onde eles teriam sido detidos dentro da favela.
De acordo com o major Edson Santos, coordenador de policiamento da favela da Rocinha, Diego e outros três policiais patrulhavam a favela a pé quando foram surpreendidos por pelo menos dois homens armados com um pistola.
- O soldado entrou em beco e se deparou com o criminoso armado, que atirou em seu rosto. O policial caiu no chão. O segundo policial atirou contra os bandidos, mas eles conseguiram fugir - explicou o major.
Os bandidos deixaram para trás dois carregadores de pistola de calibre 9 milímetros. O soldado Diego foi socorrido e levado para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, mas não resistiu aos ferimentos e já chegou morto a unidade. O caso está sendo investigado pela Divisão de Homicídios (DH).
Diego tinha quatro anos de experiência como fuzileiro naval, segundo coronel Seabra. O comandante das UPPs afirmou que, como o soldado tinha um papel de liderança, ia ser incentivado a entrar para a formação de oficiais. O irmão mais velho da vítima é candidato a fazer parte da PM. Segundo Seabra, ele terá uma atenção especial, mas só entrará na corporação devido aos próprios méritos. O avô e o pai também exerciam carreira militar. O pai morreu há 11 anos ao reagir um assalto. A mãe do soldado morreu de causas naturais no ano passado.
Mortes de PMs na Rocinha
No dia 4 de abril, o cabo do Batalhão de Choque Rodrigo Alves Cavalcante, de 33 anos, também foi morto por um traficante quando fazia patrulhamento na favela. O cabo foi baleado ao abordar um suspeito numa das vielas da comunidade. O assassino, que disparou um único tiro e fugiu, deixou cair numa laje uma bolsa com balas calibre 9 mm e um documento de identidade. Identificado como Edilson Tenório de Araújo, de 42 anos, ele foi preso em maio, após se apresentar a polícia e negando ter atirado contra o PM.
Após o assassinato do cabo, a polícia anunciou a transferência do centro de controle da ocupação para o alto da favela, no Parque Ecológico da Rocinha, situado na localidade de Portão Vermelho. A nova localização da unidade, instalada num contêiner, permitiria melhor visão da comunidade além de facilitar a distribuição das equipes pelas 12 áreas de patrulhamento da Rocinha.
Entre novembro de 2011, quando a Rocinha foi ocupada pela PM, e março passado foram registradas outras oito mortes ligadas a disputas entre dois grupos rivais de traficantes. Uma das vítimas foi o líder comunitário Vanderlan Barros de Oliveira, o Feijão, presidente da Associação de Moradores e Amigos do Bairro Barcelos. Feijão foi assassinado no dia 26 de março nas proximidades da Via Ápia.
http://br.noticias.yahoo.com/favela-rocinha-tem-segundo-policial-morto-in%C3%ADcio-pacifica%C3%A7%C3%A3o-074313095.html
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