quinta-feira, 5 de julho de 2012

Rebelião na Fundação Casa de São Bernardo deixa 3 Funças feridos







Três funcionários da Fundação Casa de São Bernardo ficaram feridos ontem durante princípio de rebelião envolvendo os internos, durante o horário de almoço, no prédio 2 da instituição. Os adolescentes alegam sofrer maus-tratos por parte dos monitores e também reclamam da superlotação do local. As acusações foram negadas pela administração da unidade.
Por volta das 12h, os jovens infratores começaram a quebrar mesas e cadeiras do refeitório após discussão com funcionários. Segundo integrantes da Fundação Criança de São Bernardo, que faziam visita de rotina ao prédio, as salas de estudo, dos computadores e da administração foram completamente destruídas.
Trabalhadores de prédio vizinho contaram terem visto fumaça, mas a Fundação Casa nega que tenha ocorrido incêndio. Bombeiros, Polícia Militar e Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foram acionados. O diretor responsável pela unidade, João Carlos do Espírito Santo, disse ter conseguido conter o motim apenas conversando com os internos durante uma hora e meia. “Foi tudo muito rápido, mas conseguimos resolver”, disse.
“De fato, eles agiram bem na conversa e evitaram um tumulto ainda maior”, avaliou André Alcântara, assessor jurídico e coordenador do Cedeca (Centro de Defesa da Criança e do Adolescente) da Fundação Criança. Ele conta que esteve no local há cerca de um mês e o clima já era tenso dentro da instituição devido às acusações de que os adolescentes apanhavam com tapas no rosto em caso de indisciplina.
Santo negou as acusações e diz que a corregedoria do governo irá apurar as denúncias. “Espero que o pessoal possa realmente averiguar essas informações e adotar as medidas disciplinares adequadas para evitar que isso volte a acontecer”, completou Alcântara.
Sem se mostrarem dispostos a levar a revolta adiante, os menores seguiram a orientação da diretoria e seguiram para a quadra de esportes, onde se entregaram. Segundo estimativa de Alcântara, apenas sete dos 64 internos (a capacidade é para 56 garotos) do prédio 2 não participaram do motim. A unidade vizinha, de mesmo porte, seguiu normalmente suas atividades, segundo Santo.
Os três funcionários tinham ferimentos leves na região da testa e braços, receberam atendimento médico no local e foram liberados. Alcântara disse que voltaria ao local hoje para avaliar melhor a condição dos adolescentes, a maioria deles de São Bernardo, Mauá e Santo André.

Crise pode continuar, aponta advogado

Reportagens publicadas pelo Diário em junho alertavam que a superlotação das unidades de internação da Fundação Casa na região – duas em São Bernardo e uma em Mauá – poderia acarretar problemas como os registrados ontem.
O diretor das unidades de São Bernardo. João Carlos do Espírito Santo, diz que o excedente está dentro dos limites permitidos pela Justiça, que autorizou o Estado a internar 15% a mais além da capacidade. “Há condições de abrigá-los”, disse.
A opinião não é compartilhada por André Alcântara, advogado da Fundação Criança. Para ele, enquanto o número não for reduzido, o risco de confrontos será grande. “Há muitos reinscidentes lá. A tendência é a situação se repetir caso eles vejam que não há melhoras quando retornam.”










Rafael Ribeiro

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