Diário Oficial mostra folga concedida a secretário Ferreira Pinto, que foi a jogo de futebol em meio a nova onda de violência
É comum autoridades interromperem férias quando estoura uma crise. Mas um Secretário de Segurança Pública tirar folga em meio a uma crise de segurança é inovação do “choque de gestão” tucano. Mas foi o que fez o Secretário de Segurança do governador de Geraldo Alckmin (PSDB-SP).
Há cerca de quinze dias, todas as indicações levam a crer que a organização criminosa PCC voltou a atacar, incendiando ônibus e executando policiais paulistas. Já foram assassinados nove policiais e queimados 10 ônibus. Ainda há os postos policiais atacados com tiros, sem vítimas, e a imposição do toque de recolher, inclusive em bairros paulistanos, quando os bandidos intimidam comerciantes, obrigando a fechar seus estabelecimentos.
Porém, mesmo com esse quadro de crise em curso, o secretário Antônio Ferreira Pinto pediu – e o governador autorizou – dois dias de folga, na quarta e na quinta-feira, 25 e 26. Depois ficamos sabendo o motivo: corintiano fanático, o secretário tucano não abriu mão de ir até a Argentina torcer pelo seu time contra o Boca Juniors, no primeiro jogo da final da copa Libertadores da América.
Só no dia da partida, seis ônibus haviam sido queimados em 24 horas. O jornal Estadão procurou o secretário para o entrevistar, e não o encontrava. Já corria a informação da viagem mas, estranhamente, ninguém no governo confirmava.
Só às 20h30, Ferreira Pinto ligou para o jornal: "Estou na Argentina. (...) Pela primeira vez, tirei licença de dois dias. (...) Está sob controle. Se houvesse qualquer risco real à segurança, nas ruas ou nos presídios, eu teria cancelado a viagem. O que existe é uma onda de boatos e casos isolados que estão sendo investigados pela polícia e os autores desses crimes, presos (…) mesmo de folga, estou em contato com todos, por meio do telefone, de e-mail. Acompanho a situação. Mas há pessoas que têm o interesse em desestabilizar a segurança e exploram essa informação. Fiz tudo dentro da legalidade. Pedi autorização e licença", disse Pinto.
O jornal engoliu a explicação sem maiores críticas. Será que a atitude seria a mesma se não o governo do estado não fosse tucano?
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