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Vieira da Costa, Carlos Sampaio e Elival da Silva Ramos |
Foi realizada nesta segunda-feira, 12/8, o 3º Seminário da
Comissão Especial do Senado Federal para proferir parecer ao Projeto de
Lei 7197/02, do deputado federal Ademir Andrade (PSB-PA), que acrescenta
à Lei 8069/90 a aplicação de medidas socioeducativas aos infratores com
maioridade penal.
O evento teve a presença dos integrantes da comissão e deputados
federais Vieira da Cunha (PDT-RS), presidente da Comissão Especial,
Liliam Sá (PR-RJ), vice-presidente, Carlos Sampaio (PSDB-SP) relator,
Rosane Ferreira (PV-PR) e Luiza Erundina (PSB-SP), membros.
Segundo Carlos Sampaio, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) deve ser mantido e respeitado, sem alterações.
Berenice Gianella, presidente da Fundação Casa, apresentou dados
da Fundação que abriga mais de nove mil jovens. 95,8% dos internos são
do sexo masculino, enquanto os outros 4,2% são mulheres. Também reforçou
que a maioria dos jovens infratores tem entre 15 e 17 anos, sem
variação significativa entre os dados durante o decorrer dos anos.
Berenice lamentou a quantidade de internos que vêm do interior do Estado
e criticou o direcionamento de infratores de primeira passagem à
fundação, quando, em sua opinião, deveriam ser primeiramente submetidos a
medidas socioeducativas. "São José dos Campos, Osasco, Diadema, e
Ribeirão Preto estão entre as cidades que mais apresentam delitos
realizados por menores de 18 anos, enquanto Brasilândia e Parelheiros
estão entre alguns dos bairros da capital que mais concentram esses
jovens infratores."
Berenice destacou também que entre os crimes hediondos não houve
um grande aumento, enquanto o tráfico de entorpecentes foi o maior
causador das internações. Por fim, afirmou ser contra qualquer projeto
que reduza a idade penal e afirmou trabalhar em um projeto para
instauração de medidas socioeducativas para maiores de 18 anos.
O representante do governador Geraldo Alckmin e procurador-geral
do Estado de São Paulo, Elival da Silva Ramos, lembrou que a
reincidência dos internos pela Fundação Casa é menor do que o
penitenciário comum. Já Alamiro Velludo Salvador Netto, conselheiro do
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, considerou
significativo o avanço que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
representa e discorreu sobre o perfil socioeconômico do jovem no crime.
"O texto é só um pretexto para entendermos o contexto" disse
Márcia Guerra, doutoranda em Serviço Social pela PUC-SP, indicada pela
Profª Stela Graciani, ao referir-se ao assunto debatido. Criticou a
mídia e seu conteúdo. "O Estatuto depende do movimento social, pois é no
campo da política que fazemos mudanças sociais", disse a assistente
social, que sugeriu diversas alterações políticas para a melhor
compreensão e execução de uma política mais justa aos jovens. Pediu
maior atenção às classes menos favorecidas, que, de acordo com Márcia,
muitas vezes acabam sendo desrespeitadas pelo próprio Estado. "O
Estatuto precisa ser usado no chão social."
O reverendo Júlio Lancelotti, também vigário episcopal para a
Pastoral do Povo na Rua, posicionou-se contra a redução da maioridade
penal e ressaltou as reais necessidades dos jovens. Destacou os defeitos
do sistema prisional e destacou a importância da ampliação de medidas
socioeducativas.
Carlos Sampaio apoiou a ideia de Márcia Guerra sobre a criação
de delegacias especializadas no Estatuto da Criança e do Adolescente. As
deputadas Liliam Sá e Rosane Ferreira afirmaram ter ouvido os
depoimentos e os problemas expostos pelos colaboradores da Fundação
Casa, populares e militantes em prol do ECA que apresentaram suas ideias
e posições sobre as implicações do Estatuto e da necessidade da
implantação de uma política mais justa aos jovens, principalmente os de
baixa renda.
Luiza Erundina fez uma análise sobre os depoimentos que ouviu.
"Estou otimista", disse a parlamentar, que lembrou as manifestações e
dos recados nos cartazes que foram direcionados à política brasileira
durante os atos pelas ruas do país. Entre os que mais chamaram a atenção
de Erundina estão: "vocês não nos representam" e "nós queremos
participar".
Favoráveis à medida, os deputados federais pretendem unir forças
para que o Estatuto da Criança e do Adolescente seja acrescido de
medidas que beneficiem os jovens e não os incluam nos presídios, junto
aos infratores maiores de 18 anos.
Esta foi a terceira audiência pública que os deputados promovem.
As duas primeiras ocorreram em Porto Alegre (RS) e Rio de Janeiro (RJ).
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Ampliação do tempo de internação pra bandidos em formação menores de 18 anos.
ResponderExcluirDe 3 anos até 12 anos de tranca pra eles .