DF também registra superlotação; dos 15 estados, sete são do Nordeste.
Segundo CNMP, situação das unidades impede ressocialização de jovens.
O estudo, intitulado "Um Olhar mais atento às unidades de internação e semiliberdade para adolescentes" e que será divulgado oficialmente nesta quinta-feira (8), visou avaliar o cumprimento de resolução de 2011 que uniformizou a fiscalização, por parte de promotores de todo o país, das medidas socioeducativas impostas a quem tem menos de 18 anos.
Pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), os menores que cometem atos infracionais graves, como crimes previstos no Código Penal, podem cumprir medidas socieducativas em unidades de semiliberdade, quando o menor pode participar de atividades externas como a escola, ou internação, que é a punição mais severa.
Integrantes do Ministério Público em todo o país inspecionaram 287 das 321 unidades de internação do país (89,4%). Entre as unidades de semiliberdade, foram visitadas 105 das 122 do país (86,1%).
Os dados apurados nas inspeções mostram que a pior situação de superlotação é verificada no Maranhão, onde há 73 vagas e 335 menores infratores. O percentual de ocupação é de 458%. No Nordeste, também registram superlotação Alagoas (324% de ocupação), Ceará (202%), Paraíba (202%), Pernambuco (181%), Sergipe (131%) e Bahia (128%).
No Centro Oeste, unidades do Distrito Federal, Goiás e Mato Grosso do Sul estão superlotadas. No Sul, somente as do Rio Grande do Sul. O Norte tem unidades de Rondônia e Acre superlotadas. Na Região Sudeste, São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais têm mais internos do que vagas.
Conforme o estudo, o Nordeste registra o maior déficit de vagas nas unidades de internação: em maio de 2013 eram mais de 4000 internos para uma rede com capacidade de 2 mil.
O estudo concluiu que as unidades para menores são, na verdade, um reflexo dos presídios para adultos em todo o país, onde a superlotação é uma realidade há muitos anos. Para o CNMP, a situação de superlotação e a falta de educação e equipamentos de lazer adequados prejudicam a ressocialização desses menores.
"Não se pode esperar ressocialização de adolescentes amontoados em alojamentos superlotados, e ociosos durante o dia, sem oportunidade para o estudo, o trabalho e a prática de atividades esportivas", afirma o relatório coordenado por Taís Schilling Ferraz, presidente da Comissão da Infância e Juventude do CNMP.
As informações apontam que, entre os menores nas unidades de internação ou semiliberdade, mais da metade das infrações cometidas foram roubo (38,1% das punições) e tráfico (26,6%). Dos que cumprem medidas socioeducativas, 8,4% cometeram homicídio e 5,6%, furto.
Meninos de 16 a 18 anos predominam entre os menores. As meninas representam apenas 5% do total de infratores.
Dados alarmantes
Outro dado preocupante, conforme o CNMP, é que em 20% das unidades inspecionadas por promotores os menores não estão no local mais próximo da residência de seus pais ou responsáveis.
"Em todo o Brasil, portanto, são pelo menos 4.546 adolescentes e jovens privados de liberdade, mantidos em unidades de internação distantes de suas referências familiares, o que compromete seriamente o acompanhamento e o apoio familiar no cumprimento da medida socioeducativa."
O relatório destaca como "números críticos" os que mostram que, em todas as regiões, poucas unidades separam os menores por tipos de crimes cometidos.
"Trata-se de critério relevante, na medida em que visa, além da proteção, evitar a troca de informações e experiências entre adolescentes com histórico infracional bastante diverso."
Higiene, educação e lazer
O estudo aponta que, durante a inspeção, mais da metade das unidades do Nordeste foram consideradas insalubres, com higiene, conservação, iluminação e ventilação inadequadas.
O CNMP aponta ainda que "em todas as regiões brasileiras foram encontradas unidades de internação com salas de aula inadequadas", com falta de iluminação e ausência de equipamentos como biblioteca. Com exceção do Sudeste, os promotores consideraram inadequados os espaços para prática de esportes e lazer da maioria das unidades.
O documento frisou que há necessidade de melhoria da infraestrutura dos locais de cumprimento das punições para permitir a reinserção dos menores à sociedade.
"Há um grande desconforto social pelo envolvimento de adolescentes em atos de requintada violência, amplamente divulgados nos veículos de comunicação, e que estão a merecer, de fato, atuação mais efetiva do sistema socioeducativo. Entretanto, limitar a problemática infracional ao debate sobre a redução da maioridade penal é, de todas e de longe, a saída mais fácil e menos resolutiva."
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2013/08/15-estados-tem-unidades-para-menor-infrator-superlotadas-diz-estudo.html
A politica de ressocialização neste país é uma piada. Temos um bando de crminosos de gravata que fazem a lei somente para seu próprio benefício. Como pode haver recuperação com leis tão permissivas. Como convencer alguém a ser honesto num lugar onde quem se dá bem é quem engana, rouba e continua a governar este país?
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